Entrevista

Entrevista: “O SNS vai sair desta pandemia muito mais preparado e resistente”

17 dez 2020 09:09

António Sales, secretário de Estado Adjunto e da Saúde, garante que o SNS está preparado para executar o plano de vacinação contra a Covid-19, mas avisa: “Há uma parte, a da produção [de vacinas], que não depende de nós”

Maria Anabela Silva

O País, nomeadamente o SNS, está preparado para operacionalizar o plano de vacinação contra a Covid-19?
Acreditamos que sim. Temos três grandes objectivos na vacinação. O primeiro é diminuir a pressão sobre os serviços de saúde, reduzindo a doença, a morbilidade e a mortalidade. Um segundo objectivo passa por proteger os cidadãos mais vulneráveis, nomeadamente minimizando a possibilidade de surtos em contextos em que tal é favorável. Por último, pretende-se também manter o tecido económico e social. Há sempre grande ruído à volta destes planos, mas o SNS está vivo e recomenda- se. E o plano de vacinação será a expressão disso mesmo.

Os profissionais de saúde, através de organizações que os representam, já vieram avisar que os recursos não serão suficientes para operacionalizar o plano.
Temos 140 mil profissionais de saúde, entre os quais 29 mil médicos e 40 mil enfermeiros. É uma questão de organização mas, se for necessário reforçarmos os meios para efeitos de vacinação obviamente que o faremos. Vamos adequando o plano à medida que a situação vá evoluindo.

A vacinação vai ser feita exclusivamente nos centros de saúde?
Numa fase inicial, por uma questão de controlo, de coordenação e de monitorização, será feita através do SNS, nomeadamente dos centros de saúde. Nas duas primeiras fases, utilizaremos a força e a capacidade do SNS. Posteriormente, poderemos ter outras estratégias, com recursos a pontos de proximidade para uma vacinação mais massiva, a realizar, por exemplo, em escolas ou pavilhões. Há uma parte do plano, a da produção [de vacinas], que não depende de nós. Só quando as vacinas estiverem na nossa posse,ficaremos com o total controlo do processo. Na fase inicial, acreditamos que o número será relativamente reduzido. Pelo que, será mais fácil direccionar a acção para os grupos prioritários, que estão definidos no plano.

Não haverá o risco de termos vacinas e de não haver condições práticas para as administrar?
Com certeza que não. O SNS está preparado para executar o plano de vacinação definido.

"Há uma parte do plano, a da produção [de vacinas], que não depende de nós. Só quando as vacinas estiverem na nossa posse, ficaremos com o total controlo do processo”

A ministra da Saúde já admitiu que o primeiro desafio será o de gerir a escassez de vacinas, o que o senhor secretário de Estado também reconhece. É uma forma de gerir as expectativas ou já estão a precaver os portugueses para algo que possa correr menos bem?
Temos tido a preocupação de gerir as expectativas para as pessoas perceberem que não nos podemos vacinar todos ao mesmo tempo. A vacinação vai ser feita de forma progressiva e gradual, em função das quantidades de vacinas que vão chegando e de acordo com os grupos prioritários que estão bem definidos no nosso plano de acção.

O processo estará concluído dentro de um ano?
Acreditamos que sim. Era importante que vacinássemos o maior número de pessoas no menor tempo possível. Gostaríamos de, durante o primeiro semestre, com 11 milhões de doses, vacinar cerca de 3,6 milhões de pessoas, ou seja, entre 30 a 40% da população. Será uma boa meta, assim tenhamos a quantidade de vacinas necessária. O facto de a aquisição ter sido feito em conjunto com a União Europeia dá uma confiança grande ao processo. Mas, não podemos esquecer que estamos sempre sujeitos à questão da produção, processo que está a montante do nosso plano.

Teme que haja resistência na adesão à vacina, por receio quanto à sua segurança?
O mecanismo europeu é um garante dessa segurança. O apelo que fazemos é que as pessoas se vacinem, que tenham confiança no processo e adiram à vacinação, de acordo com as fases definidas. Temos um grande histórico de vacinação em Portugal, com taxas elevadíssimas de que nos devemos orgulhar. Felizmente, os movimentos anti-vacinação não têm expr

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