Entrevista

Fernando Tordo: “Não me levo muito a sério, é uma maneira de sobreviver”

14 jan 2022 12:26

O cantor e compositor actua sábado em Leiria

Fernando Tordo vai a palco com orquestra no Teatro José Lúcio da Silva
Rita Carmo

Que espectáculo é que o público pode esperar em Leiria?
O que vai acontecer, com certeza, é a apresentação das canções que fiz ao longo de muitos anos com o José Carlos Ary dos Santos, com o enriquecimento que é eu contar as histórias de como algumas delas foram feitas pelos dois. Muita gente tem pouca ou nenhuma informação acerca desse processo de trabalho. E o meu, com ele, era um processo de trabalho muito especial, muito complexo. São milhares de horas de contacto, de música e de texto. Essencialmente, o que conto são as partes mais engraçadas.

De todas as canções, qual tem a história mais curiosa?
Às vezes, uma mesma canção recorda uma história ou recorda outra história ou outra história. Algumas são muito interessantes e o público fica fascinado, porque ouve uma canção durante uma série de anos sem fazer ideia. É muito divertido. Neste caso, com a orquestra, que é sempre uma mais-valia.

A relação de trabalho e amizade que mantinha com o José Carlos Ary dos Santos continua por substituir?
Continua, claramente. O trabalho com o Ary dos Santos elevou muito a fasquia. Foram anos muito especiais, a começar em 68 e por aí fora. As motivações, as mudanças, as coisas surpreendentes. Foram muito vivos. Aproximadamente 90 ou 95 por cento do trabalho do Ary dos Santos foi feito comigo e conseguir passar essa experiência, para mim, é particularmente importante, porque quando eu desaparecer não está ninguém para contar.

Há dois anos lançou com o José Jorge Letria o livro Não Houve Geração Mais Rica do que a Nossa. Que sentidos é que este título contém?
Nasci em 48. De algum modo, esta geração teve a felicidade de assistir, à escala nacional e mundial, a muita coisa. A guerra colonial, a do Vietname, o Maio de 68... vivemos transformações incríveis, a ciência a avançar, a exploração do espaço, tudo isso. É uma geração riquíssima. E para mais, aqui no nosso País, a minha geração de músicos. Uns miúdos que andavam na escola, no liceu. E de repente começa a surgir esta música vinda de Inglaterra e vinda dos Estados Unidos, que nós ouvíamos com sofreguidão. Quem trabalhava na TAP normalmente encarregava-se de trazer os discos que tinham saído naquele dia em Londres. Era um País com um atraso de 40 anos mas que em certas coisas estava actualizado. De facto, a nossa geração foi a mais rica de todas, sem dúvida.

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