Entrevista

João Santos: “Fiz uma visita ao convento aleatória e encontrei lá o santo graal dos harmónios de arte”

18 dez 2025 08:00

O músico e organista titular da Sé de Leiria continua a investigar e a recuperar instrumentos históricos dentro e fora de fronteiras (Fotografia: Ricardo Graça)

“O órgão tornou-se uma moda, é quase uma competição para ver quem faz mais ciclos e festivais”
Ricardo Graça

Natural de Leiria, onde reside, João Santos divide o tempo entre a performance e a escrita. O músico de 47 anos que é organista titular da Sé de Leiria licenciou-se em Música Sacra pela Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa, no Porto. Apresenta-se regularmente em recital dentro e fora do país, tem colaborado com orquestras e entre os espaços onde actuou destacam-se a catedral de Westminster em Londres e a catedral de Notre-Dame de Paris, além de festivais na Alemanha e na Lituânia. Compositor premiado, desde 2020 dedica-se também à investigação sobre o harmónio em Portugal, com especial enfoque no harmonium d'art. Em 2023, fundou o atelier fort’Expressivo para o restauro e preservação de instrumentos históricos, onde integra dois exemplares da marca Mustel, datados de 1898 e 1899. Entre 2010 e 2018 foi organista titular do Santuário de Fátima.

Fazem falta mais oportunidades para ouvir o grande órgão de tubos da Sé de Leiria?
Hoje em dia já se fazem mais algumas coisas. É bom que isso aconteça, também para promover o instrumento com as pessoas da paróquia. Veio um pouco contra algumas opiniões, por causa do preço, por causa do investimento, e nunca foi, se calhar, muito bem acolhido pela comunidade. Pode ser ouvido, pelo menos, no Ciclo de Órgão de Leiria, que é organizado pelo Orfeão.

O que o torna especial?
Especial, principalmente, do ponto de vista geoestratégico. Foi o terceiro ou quarto instrumento grande do País. Sinfónico, para todo o tipo de repertório. São cerca de 2.300 tubos e 11 metros de altura. Temos talvez o primeiro órgão sinfónico grande na Sé de Lisboa em 64, salvo erro. Depois disso, não tivemos mais nenhum até 85, que é o órgão de Sé do Porto. Dez anos mais tarde, veio o órgão da Lapa, em 95. Em 97, veio o órgão da Sé de Leiria.

Que foi um projecto ambicioso, à época, inclusive do ponto de vista financeiro.
É interessante perceber que no meio de Portugal havia um instrumento fantástico, completamente mecânico, que não precisa de ajudas electrónicas para nada, a não ser o ventilador.

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