Entrevista

Joel Rodrigues: “O Politécnico já perdeu estudantes por causa do alojamento”

27 abr 2023 09:00

O presidente da Associação de Estudantes da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do Politécnico de Leiria luta por uma academia inclusiva a todos os alunos e alerta para a problemática da saúde mental, que necessita de apoio

A questão da saúde mental pode levar mais ao abandono do que propriamente a questão económica, afirma Joel Rodrigues
Ricardo Graça

O Politécnico de Leiria já pode outorgar o grau de doutor. O que trará de benéfico?
Não basta sermos um politécnico com doutoramentos. Queremos ser universidade, o que implica como requisito legal ter um doutoramento. O que nos traz em termos práticos? Acima de tudo, investigação aplicada. Vamos poder ter doutoramentos nas empresas, trazer-lhes mais conhecimento, modernizá-las e torná-las mais competitivas. Vamos poder também ter uma formação que estava completamente vedada na nossa região. É um grande passo para o ensino em Leiria. Também nos traz algumas exigências, pois precisamos de ter os nossos centros de investigação com o reconhecimento de muito bom ou excelente e ter um corpo docente devidamente qualificado, o que se vai traduzir em melhores aulas.

Carlos Rabadão substituiu recentemente Rui Pedrosa na presidência. Que avaliação faz do anterior e o que espera do actual presidente?
O presidente Rui Pedrosa não teve um mandato fácil por causa da pandemia e que certamente há-de ter defraudado algumas expectativas ou o seu plano de execução. Tinha um ênfase muito grande no investimento daquilo que era a marca e a investigação do Politécnico. Esqueceu-se um bocadinho daquilo que eram a necessidade pedagógica das escolas e as suas necessidades nas infra-estruturas. Temos os edifícios a necessitarem de grandes intervenções. E ficou a faltar toda a actualização dos planos de estudos, já que são praticamentes semelhantes a 2007/2008. O professor (prof.) Carlos Rabadão disse que o ia fazer. Temos também de repensar a forma como avaliamos e inovar pedagogicamente. Para nós, enquanto estudantes, que procuramos ter formações cada vez melhores e que vão ao encontro das expectativas do mercado de trabalho, tem um impacto completamente diferente do que olharmos só para a investigação técnica. Já vivíamos com um grande problema de falta de financiamento no ensino superior, atravessamos agora uma dificuldade ainda maior, porque o Orçamento do Estado não compensou os aumentos com o impacto da inflação e com os custos da energia, o que faz mais pressão nas receitas próprias. Como o presidente cessante investiu muito na investigação, foi adiantando dinheiro da tesouraria para executar os projectos de investigação, agora não sabemos se conseguimos ir buscar todo o dinheiro que investimos, o que nos está a causar grandes constrangimentos a nível de tesouraria e pode pôr em causa os investimentos nos nossos laboratórios e nas infra-estruturas das escolas. Prevejo que seja um mandato muito complicado para o prof. Carlos Rabadão.

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