Entrevista
José Brito de Sousa: “É através dos mais jovens que podemos alterar os comportamentos”
16 out 2025 08:00
Comandante territorial da Guarda Nacional Republicana de Leiria pretende aproximar a força policial das pessoas, dando especial atenção à protecção dos mais vulneráveis
A violência doméstica é um dos principais crimes praticados na região e o mais difícil de detectar. Como combater este crime?
Este é um dos crimes que tem tido um acréscimo ao longo dos anos e é uma das nossas principais preocupações. Em 2023 tivemos um registo de 487 crimes, dos quais resultaram 43 detidos. Em 2024, com 484 crimes, tivemos 42 detidos, mas durante o ano 2025 e até Setembro já estamos com 525 crimes e 42 detidos, o que pressupõe que vamos ter um incremento. Para fazer face a esta problemática, e por iniciativa da GNR, em 2024, foi criado um grupo de trabalho de combate à violência doméstica, pessoas especialmente indefesas e vítimas especialmente vulneráveis da Comarca de Leiria, e que reúne várias entidades, nomeadamente o Ministério Público, outros órgãos de polícia criminal e entidades de apoio social e institucional, que têm contribuído para uma uniformização dos procedimentos e a melhoria da resposta às vítimas. Internamente, a GNR reforçou o núcleo de investigação e apoio a vítimas específicas [NIAVE], de 7 para 9 militares. Há um reforço da formação para todos os militares, nomeadamente aqueles que diariamente se confrontam com este tipo de criminalidade e conseguimos um elemento especializado em todos os postos territoriais. Temos sempre uma determinada limitação nos quadros orgânicos, mas fazemos adaptações e se houver necessidade de um reforço do efectivo, sem dúvida que será efectivado.
As acções nas escolas incidem também na prevenção deste crime?
Sem dúvida. Nos últimos cinco anos, a violência doméstica não se verifica só entre cônjuges, envolve também crianças e idosos. Temos constatado um aumento considerável de idosos que são vítimas de violência doméstica. Em 2024 tivemos 101 sinalizações e até 6 de Outubro vamos já com 70. Esta é a pedra de toque da nossa actividade operacional e que vai ao encontro dos desígnios da Guarda, enquanto uma instituição humana, próxima e de confiança. É fundamental apostar neste trabalho de sensibilização junto das camadas mais jovens.
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