Entrevista

Leonor Teles: “Para a minha geração aquilo que é o normal é a instabilidade”

29 fev 2024 09:00

A realizadora de Baan filma a procura de um sentimento de lar num mundo de culturas ameaçadas por um crescendo de intolerância e gentrificação (foto de Nuno André Ferreira)

A realizadora de Baan filma a procura de um sentimento de lar num mundo de culturas ameaçadas por um crescendo de intolerância e gentrificação (foto de Nuno André Ferreira)
Nuno André Ferreira

Tem 31 anos e acaba de lançar a primeira longa-metragem de ficção, Baan, mas já desde a estreia como realizadora, em 2016, que é um nome a ter em conta no panorama nacional.

Com Balada de um Batráquio, Leonor Teles conquistou o galardão para melhor curta-metragem na Berlinale, um dos mais importantes festivais do mundo, feito suficiente para muitos a considerarem a menina de ouro do cinema português, mas dois anos depois, em 2018, com a primeira longa, o documentário Terra Franca, juntou ao currículo o prémio SCAM do Cinéma du Réel. Seguiu-se a curta Cães que Ladram aos Pássaros (2019), que teve estreia mundial na secção Orizzonti do Festival de Veneza e foi nomeada para os European Film Awards. No mês de Fevereiro, Baan (já premiado na Islândia e nos Caminhos do Cinema Português) estreou-se no circuito comercial.

Leonor Teles trabalha também como directora de fotografia e colaborou com João Canijo em Mal Viver (2023), Urso de Prata em Berlim.

Baan, que significa casa. Que história é contada neste filme e porque a quis contar?
Temos esta personagem, que é a L, e ela anda meio perdida da vida, e à procura de um rumo, e acaba por encontrar outra personagem, a K, que também ela anda sem rumo, e é quase como se as duas andassem à procura de casa, seja lá o que isso for.

Casa, no sentido físico ou emocional.
Não é só no sentido físico, é mais até no sentido emocional de qual é o lugar de pertença, de onde é que nós somos ou aonde é que pertencemos, ou, de certa maneira, a procura do sentimento de lar.

É um lugar que pode ser encontrado bastante longe das origens?
Acho que sim. Para algumas pessoas esse sítio é a terra natal, ou simplesmente a sua casa física com as paredes, e para outras pode ser muito mais um sítio longínquo ou uma descoberta ou uma viagem ou até mesmo um encontro com outra pessoa que a faça sentir-se em casa. Há sempre uma série de variáveis que são individuais. Cada pessoa tem a sua noção de casa e, se calhar, às vezes é preciso ter de sair para perceber que é a sua própria casa, que tem de se valer a ela mesma para estar bem.

Este conteúdo é exclusivo para assinantes

Sabia que pode ser assinante do JORNAL DE LEIRIA por 5 cêntimos por dia?

Não perca a oportunidade de ter nas suas mãos e sem restrições o retrato diário do que se passa em Leiria. Junte-se a nós e dê o seu apoio ao jornalismo de referência do Jornal de Leiria. Torne-se nosso assinante.

Já é assinante? Inicie aqui
ASSINE JÁ