Entrevista

“Temos de continuar a trabalhar, dar oportunidades e valorizar muito o jovem jogador português”

9 mai 2022 18:30

Jorge Braz, seleccionador nacional de futsal, revela os segredos para conquistar títulos, fala do crescimento da modalidade e assume a importância da aposta na formação e no feminino

Nos últimos quatro anos, Jorge Braz conquistou todos os títulos de selecções de futsal: é campeão mundial e bi-campeão europeu com a equipa das quinas e foi eleito quatro vezes como o melhor seleccionar do Mundo
Selecções de Portugal
Patrícia Carreira Gonçalves

Nos últimos quatro anos conquistou todos os títulos de selecções do futsal. A partir de agora, é mais fácil ganhar ou há mais responsabilidade?

A responsabilidade é sempre a mesma o que altera é a visão exterior, das pessoas e dos adversários. Internamente o sentimento tem de ser o mesmo porque é uma responsabilidade enorme representar o País e o futsal português. E essa responsabilidade irá manter-se sempre, quer esteja a ganhar ou em momentos menos bons. Ganhar não passa a ser mais fácil [risos]. Sermos campeões da Europa e do Mundo não nos dá vantagem, não nos atribui pontos nem começamos os jogos a ganhar. Agora as outras selecções olham para nós com uma vontade ainda maior de nos vencer e isso pode trazer algumas dificuldades mas, como eu digo sempre, temos de olhar para nós e estar preocupados com o que temos de fazer. E para nós é muito claro: é sempre como se fosse a primeira vez.

A estratégia, a humildade e a motivação têm sido as qualidades mais destacadas do seleccionador. São esses os segredos das vitórias?

Eu acredito muito nessa humildade, em manter os pés assentes no chão e perceber que foi preciso trabalhar muito para alcançar o que alcançámos. Se foi esse o percurso e o nosso trajecto, isso tem de se manter sempre que estivermos juntos, tendo clara consciência de que o que fizemos até agora não chega, é preciso mais. A forma como olhamos para o nosso processo deforma simples, humilde e extremamente motivadora tem de ser o caminho. Se nos envaidecermos um bocadinho vamos ser ultrapassados.

A capacidade de liderar também faz diferença?

Sim, é perceber quais são os nossos princípios e valores. Nortear-nos por isso no nosso comportamento diário tem feito com que eu sinta um orgulho fantástico em liderar este grupo. Sinto aqueles chavões que todos nós utilizamos do que deve ser uma equipa e em muitos momentos senti que estava a liderar uma verdadeira equipa em todos os sentidos.

O seleccionador espelha o percurso de Jorge Braz?

É impossível dissociar quem somos enquanto pessoa do que acabamos por fazer profissionalmente. O meu percurso é conhecido, sou de uma pequenina aldeia, filho de emigrantes, houve muitas dificuldades para ultrapassar e, no fundo, conseguimos ser felizes e ir à procura do que queremos. O desporto ensina-nos muito o que é passar essas dificuldades no dia-a-dia. Cada treino e cada exercício obriga a isso. Se não entendermos que temos de viver na superação constante das dificuldades e se só queremos facilidades nunca vamos triunfar.

O que é que o futsal tem de especial que o conquistou ao futebol?

Algumas referências como o antigo seleccionador de futsal, o Orlando [Duarte], que foi alguém que me inspirou e que criou aquela paixão inicial. Depois a paixão foi crescendo e agora é a alegria, a euforia e a felicidade de poder desempenhar funçõe

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