A polícia de proximidade é um dos focos da PSP. Quais as mais-valias?
A proximidade dá-nos um melhor conhecimento. Só conseguimos melhor resposta ao cidadão, se percebemos as suas necessidades e expectativas. Toda a oferta de policiamento de proximidade criou uma ponte com as instituições e com as pessoas e, sobretudo, um conhecimento mais preciso dos problemas. Por exemplo, as escolas transportam os problemas que estão na família. Desde adições, desemprego dos pais, violências domésticas, abusos sexuais, etc. Como é que a polícia queria ter um conhecimento tão preciso se não vai à escola? O que digo aos agentes é para fazerem o diagnóstico e todo o percurso para trás. A polícia resolverá problemas sociais? Não, mas tem o dever de os encaminhar. Antes de sermos polícias, temos de ser bons seres humanos. A polícia não pode viver sem esta proximidade e a única coisa que lamento, é que, infelizmente os recursos são limitados. Muitas vezes, tenho de deslocalizar estes elementos para ter o mínimo operacional, repondo-os logo imediatamente. Gostaria muito de ter mais elementos para poder reforçar essa tónica da proximidade. O comércio seguro é essencial porque a economia funciona com segurança. Começa a haver um pico de furtos chamados furtos por formigueiro. São pessoas que vão aos supermercados furtar. É um fenómeno que temos de estudar. O polícia hoje é um sociólogo. Tem de perceber as dinâmicas da sociedade. Olhamos para a sociedade como se fosse uma célula viva, que vai tendo mutações. É como a estirpe da gripe, nunca é igual de ano para ano. Por isso, não podemos continuar no mesmo padrão. Não podemos ter as mesmas respostas para perguntas diferentes.
As migrações são um desafio?
Temos culturas completamente diferentes, que não compreendem, por exemplo, que o crime de violência doméstica seja público, sobretudo a parte mais asiática, e que a polícia intervenha e com detenções. Não podemos só receber bem, é preciso integrar e dar oportunidade para que as pessoas façam esse trajecto. Hoje temos escolas com 50 nacionalidades. É um desafio para os professores, mas também para a polícia, que não raras vezes tem de ir às escolas. Levamos a boa mensagem de tolerar os outros, de respeitar a diferença. Isto exige muito mais do que um polícia. A Nazaré é outro desafio. De um momento para o outro estão lá 70 a 80 mil pessoas. Em termos de polícia, como é que se gere uma vila com mais de 30 mil pessoas com mais carros, com mais estacionamentos, só a mobilidade é um caos. Não é só migrações de pessoas residentes, mas também migrações de turismo. Mas devemos estar orgulhosos, pois em todas as circunstâncias em que fomos chamados, garantimos os melhores níveis de segurança. O turismo tem por base a segurança e quem nos visita sente-se mesmo seguro.
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