A três anos de terminar o mandato e podendo fazer mais um, já anunciou a intenção de não se recandidatar. O que o levou a tomar essa decisão?
Só serei candidato se sentir que a continuidade do projecto está em causa. Digo-o num contexto de total desprendimento da vida política. Tenho mais mundo para além da política e a ambição de fazer outras coisas. Contudo, o amor ao meu concelho sobrepõe-se a essa vontade. Tenho ainda muitos projectos por concretizar. Se a sua continuidade estiver em causa, serei o primeiro a disponibilizar-me ao eleitorado para ser julgado e para servir.
Que projectos considera indispensáveis para Óbidos?
Há projectos supra-municipais que são estruturantes, como a construção de um novo hospital, a requalificação da Linha do Oeste e o novo aeroporto, não no Montijo mas na Ota. Em termos concelhios, gostava de concretizar alguns projectos que temos em carteira nas áreas da educação, desenvolvimento comunitário, atracção de investimentos, novas tecnologias, agricultura e turismo. Estamos a trabalhar com a Universidade de Lisboa, o Instituto Politécnico de Leiria e empresas locais na ligação do parque tecnológico à agricultura. Um outro projecto estruturante é o desassoreamento da Lagoa de Óbidos, acompanhado de dragagens permanentes. Precisamos também de dar outra vida e outra dimensão à Lagoa. Lapidar essa pérola para a criação de outras fontes de riqueza para a comunidade local e para a dimensão turística. Não falo em construir mais resorts, mas em criar novos produtos e serviços. É também fundamental continuar a investir na cultura, que se tem afirmado como verdadeiro motor de desenvolvimento de Óbidos. Preciso sentir que estes projectos não vão parar.
Há na sua actual equipa quem lhe dê essa garantia?
A equipa tem gente muito qualificada para assumir essa responsabilidade. Um dos motivos porque revelei tão cedo a minha intenção de não me recandidatar foi a necessidade de passar a mensagem de que as pessoas tem de se preparar e pegar nos dossiers. Não pode haver a ideia de que, pelo facto de o presidente poder fazer mais quatro anos, ele os faça.
Referiu-se à Ota como opção para o novo aeroporto quando já se está a trabalhar no Montijo.
Mais do que nunca, faz sentido trazer a Ota ao debate do novo aeroporto. A questão ambiental foi decisiva na escolha do Montijo em detrimento da Ota. Começa agora a perceber-se que não era bem assim. Por outro lado, o Montijo implica uma terceira travessia sobre o Tejo. Chegaremos a um momento em que os estudos de impacto ambiental mostrarão que a Ota não é uma reivindicação do Oeste. Temos de ter este dossier em cima da mesa, não por egoísmo regional, mas pelo interesse do País.
Nesse contexto, há espaço para reivindicar a abertura da Base Aérea de Monte Real à aviação civil como complemento a esse aeroporto?
Já levei a reunião de Câmara uma moção de apoio a essa reivindicação. Monte Real nunca será um aeroporto principal, mas à dimensão do território faz sentido insistir nessa infra-estrutura. O que defendo pode ser interpretado como uma megalomania, mas a obrigação dos políticos é também ter atrevimento e pensar os territórios e o País a dez, 20 ou 30 anos.
Óbidos está com Leiria na questão de Monte Real. E na candidatura a Capital Europeia da Cultura?
Se há caminho que temos feito é o de estabelecer redes, através de parceiras locais, regionais, nacionais e internacionais. Esta tem sido, aliás, parte da chave do nosso sucesso. Estamos sempre abertos a parcerias, desde que façam sentido.
E esta faz sentido?
Estou à espera de uma reunião com o meu colega de Leiria para fazermosum 'zooming'. O que conheço do projecto é a estratégia mais global. Preciso de olhar para a estratégia mais segmentada e perceber de que forma é que Óbidos pode ser ou não importante para a candidatura e que maisvalias podemos retirar do projecto.
Do que conhece, o projecto já o convenceu?
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