Entrevista

Entrevista | Pedro Santana Lopes: "O Estado Social foi à falência por tratar todos por igual"

17 jan 2019 00:00

Fundador do Aliança, esteve em Leiria para o primeiro encontro nacional do partido. Diz que "é inaceitável que a Base Aérea de Monte Real não abra ao tráfego civil”.

Maria Anabela Silva
Foram divulgadas, no sábado, as duas primeiras sondagens incluindo o Aliança. No estudo da Aximage o partido aparece com 1,2% e na da Eurosondagem com 4%. É um bom ponto de partido?
Mesmo que fosse 0,1% seria bom. Nascemos há dois meses e temos estado a trabalhar internamente, a preparar as propostas para apresentar às pessoas. Os partidos não são produtos do IKEA, que compramos para montar e pôr a funcionar. Para ser um processo sério, temos de estar absolutamente seguros e firmes daquilo que vamos dizer aos nossos concidadãos para melhorar a sua vida. Já fiz tanta estrada na política que não estaria aqui se não fosse para fazer isso. Fosse qual fosse a percentagem, era positivo. Um estudo que pedimos indica- nos que somos conhecidos de apenas 20% dos portugueses. Quando formos conhecidos de 70 ou 80%, os números das sondagens crescerão.

A meta que traçou em Outubro, de obter 10% nas legislativas, é alcançável?
Acredito que sim. Nos vários combates eleitorais em que estive envolvido, consegui sempre resultados muito melhores do que aqueles que as sondagens apontavam. Considero uma proeza termos já uma intenção de voto 4%. Daria para elegermos oito deputados, o que, no quadro actual, seria importante para soluções no Parlamento.
 
A crise interna no PSD pode favorecer o Aliança?
Espero que não. Não querendo falar do PSD, quero que triunfemos por mérito próprio e não por demérito dos outros. Não quero tirar partido de nenhuma crise de outra força política. Tenho a consciência muito tranquila. Ninguém pode dizer que tentei desviar alguém de outro partido. Gosto muito que se juntem à Alianla pessoas da abstenção. Será um grande contributo para a democracia portuguesa. O apelo que faço a quem se tem abstido, no distrito de Leiria e no País, é para que nos dêem o privilégio de nos escutarem e de ver se merecemos um pouco de crédito. Não pelo que fizemos de bem ou de mal no passado, mas pelas propostas que trazemos.
 
O que é que o Aliança pode trazer de diferente?
A diferença do Aliança está nas suas propostas. Na área social, por exemplo, trabalhamos para acabar com guetos geracionais. A protecção social às pessoas com mais idade não pode passar por as instalar definitivamente em equipamentos sociais, afastando-as da vida real. Relacionado com isso, é vital olhar para a questão dos cuidadores, apoiando as famílias com dependentes para cuidarem deles sem terem de os institucionalizar. Esta é uma exigência enorme para qualquer partido numa sociedade como a portuguesa, onde o desequilíbrio demográfico é cada vez maior. Outra área primordial é a coesão territorial.
 
Há anos que a coesão territorial é apontada como prioridade para o País, sem se passar à prática.
É verdade, mas eu tenho uma história diferente. Fui o único primeiro- ministro que espalhou departamentos governamentais pelo País, distribuindo secretarias de Estado de Norte a Sul [a medida ficaria sem efeito devido à queda do Governo]. O País precisa de descentralizar serviços, mas não 'à Infarmed'. Tem de ser descentralizar serviços, apostando também nas populações locais e nos jovens quadros desse território. É o único caso em que admito, na contratação de recursos qualificados, que a Função Pública possa alargar os seus efectivos. É um erro crasso manter o País absolutamente centralizado em Lisboa. Fui presidente da Câmara da Figueira da Foz e do Conselho da Região Centro e sei bem o que é estar fora de Lisboa e tão dependente das decisões da capital. Defendo também a descentralização de equipamentos e de infra-estruturas.
 
É defensor da abertura da Base Aérea a Monte Real à aviação civil.
Considero inaceitável que a Base Aérea de Monte Real não abra ao tráfego civil. É mais um exemplo de irracionalidade e de má gestão dos equipamentos e dos recursos públicos. O meu último acto oficial como primeiro-ministro foi vir de Falcon a Monte Real para sublinhar a necessidade de abrir a base à aviação civil.
 
Na recente Convenção da Europa e da Liberdade  
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