Entrevista

Gonçalo Lopes: “O que mais me assusta é que Leiria perca a imagem de cidade segura"

12 out 2023 08:00

Presidente da Câmara de Leiria aponta a segurança e a saúde como duas das grandes preocupações e antevê que os municípios tenham de entrar em “guerra pela captação de médicos

Maria Anabela Silva

Completaram-se, este domingo, dois anos desde que tomou posse como presidente da câmara. Que balanço faz da primeira metade do mandato?
Houve uma forte capacidade de resposta do município aos desafios que surgiram, além de darmos cumprimento ao programa eleitoral. Mas, o principal balanço é feito pelas pessoas. Pelo feedback que recebemos, acho que estamos a responder às expectativas, sabendo que, em dois anos, muita coisa mudou. A capacidade de resposta e de adaptação de Leiria, no seu todo, ao novo contexto social é, de facto, extraordinária. Refiro-me, por exemplo, à explosão demográfica, à inflação, ao disparar dos custos com a habitação e aos novos problemas de mobilidade. São as dores de crescimento de uma cidade que se está a transformar. Temos mais pessoas a residir em Leiria e, consequentemente, mais carros a circular.

Têm também surgido alguns problemas de segurança.
O que mais me assusta é que Leiria perca a imagem de cidade segura. Não tolero agressões em discotecas ou na via pública. Foi por isso que se actuou para fechar o Mandarim e agora vamos fazer tudo para que feche a discoteca Guilt. Não posso aceitar determinados comportamentos que destroem um dos nosso trunfos: o sermos uma cidade segura. O que acontecerá se perdermos esse capital? Não podemos tolerar comportamentos que ponham em causa a segurança.

Como é que a cidade se está a adaptar a essas dores de crescimento?
Temos uma grande capacidade de adaptação táctica. Essa é uma das principais características reconhecidas à Câmara de Leiria. Revelámos isso na pandemia, na resposta aos refugiados da guerra na Ucrânia ou com os incêndios. Os principais problemas que temos nem são da competência da câmara, como é o caso do reforço de efectivos das forças de segurança ou da falta de médicos.

O município está a ultimar o regulamento de incentivos à fixação de médicos, com apoio à habitação. O que mais pode fazer?
Vamos ter de arranjar uma estratégia agressiva para captar médicos, recorrendo ao orçamento municipal. Os municípios vão entrar numa guerra pela captação de médicos, uma classe profissional muito importante para garantir qualidade de vida às populações. Vamos ter de usar argumentos para os fixar. Mal comparando, é como no futebol: criar condições para ter os melhores e em número suficiente. E não chega ter uma cidade bonita e com qualidade de vida. Teremos de dar apoios à habitação, mas também usar o orçamento municipal para pagar parte do vencimento, para que este possa ser acima da média.

Este conteúdo é exclusivo para assinantes

Sabia que pode ser assinante do JORNAL DE LEIRIA por 5 cêntimos por dia?

Não perca a oportunidade de ter nas suas mãos e sem restrições o retrato diário do que se passa em Leiria. Junte-se a nós e dê o seu apoio ao jornalismo de referência do Jornal de Leiria. Torne-se nosso assinante.

Já é assinante? Inicie aqui
ASSINE JÁ