Há vários anos que estuda a educação. Nota evolução nas escolas?
Tem havido uma evolução significativa nos aspectos tecnológicos. Mas, o que me parece é que se está a sentir, cada vez mais, um distanciamento entre aquilo que é a evolução da sociedade, as suas faltas de comunicação e a forma como as escolas funcionam. Se alguém hoje entrar num hospital vai notar diferenças brutais face há 50 anos. Uma pessoa entra na escola e, tirando os aspectos da modernização, o essencial mantém-se. Tem de se fazer um grande esforço para a escola mudar o seu paradigma de funcionamento, porque os alunos têm competências que não tinham e a muitos professores, sobretudo aqueles que já têm mais idade, faltam-lhes muitas vezes competências, até treino, para lidar com crianças que são substancialmente diferentes daquelas que existiam quando eles começaram as suas carreiras. Hoje a capacidade de motivar os alunos para as aprendizagens está muito diminuída, usando as técnicas que se usavam há uns anos.
Como encara a utilização dos telemóveis na escola?
Quando fui para a escola ainda se aprendia a escrever com uma caneta de aparo. Quando apareceram as esferográficas, éramos proibidos de as usar, porque estragava a letra. Os telemóveis estão a ser completamente demonizados, quando é absolutamente impossível deixarmos de os usar. A escola tem de utilizar de uma forma positiva e criativa todos os equipamentos que existem e introduzi-los no próprio processo de aprendizagem. Se todos os alunos têm telemóvel, há imensas coisas que os professores podem fazer com eles nas aulas, utilizando-os de uma forma positiva para os estudantes. Evidentemente que alguns os utilizarão para coisas menos positivas, mas se os professores criarem hábitos de trabalho, tiverem capacidade de mobilizar os estudantes e motivá-los, eles passam a direccionar-se para aquilo que é fundamental.
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