Disse que os incêndios poderão vir a ser em menor número, mas com uma maior severidade. Porquê?
Temos uma floresta cada vez mais heterogénea, cada vez menos cuidada e com maior disponibilidade de combustível. As alterações climáticas têm influência na meteorologia, principalmente naquilo que está a originar a falta de água e a respectiva seca. Temos de estar perfeitamente conscientes que estes episódios de incêndios, inundações, cheias, ondas de calor ou vagas de frio vão agravar-se e vai ser cada vez mais difícil gerir o seu impacto.
Qual o papel das unidades locais de protecção civil?
Têm ajudado imenso na educação, porque são as pessoas da comunidade, devidamente organizadas e capacitadas, que são os mensageiros de todas as acções que pretendemos ver aplicadas no território e com resultados muito positivos. Isto leva-nos a apostar ainda mais neste projecto. Por outro lado, temos de aumentar a capacidade de fiscalização e não na lógica repressora. Vamos ter menos [incêndios] em termos de frequência, mas a gravidade vai ser cada vez maior e com impacto nas pessoas, que estão muito vulneráveis. Aquelas que apostam a sua vida no meio rural, acabam por estar muito condicionadas, porque o retorno é muito pequeno, o que significa que quando temos estas abordagens de prevenção, também tenhamos de acautelar a componente social. Quando temos um episódio que lhes leva a colheita, que lhes danifica o armazém onde tinham a palha para os animais, temos de responder rapidamente. Podem não precisar de nada, mas ter a acção social de imediato no terreno faz toda a diferença e acaba por passar a mensagem: eles não vêm cá só para me fiscalizar e passar multas.
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