No distrito de Leiria quatro independentes ganharam as eleições autárquicas. Daqui a quatro anos poderá haver mais movimentos independentes a liderar as câmaras?
Se os partidos se fecharem, é natural que apareçam mais candidaturas independentes. Os partidos deixaram de ser estruturas abertas para ouvir e geralmente só têm grande actividade em véspera de eleições. Hoje o paradigma mudou e é preciso estar em permanente contacto com os eleitores, colher as sugestões e opiniões e, acima de tudo, ter humildade para acolher críticas. Se os partidos não se abrirem e deixarem de ser grupinhos, a defender determinado tipo de interesses cuja prioridade, muitas vezes, não é o colectivo, é natural que surjam mais movimentos independentes.
Quando chegou à câmara que surpresas teve?
Já estávamos preparados face àquilo que se dizia. Portanto, só estamos a constatar que algumas dessas coisas são verdade.
O quê, por exemplo?
Alguma desorganização. Esta terra tinha todas as condições para servir de pivô, assumindo um projecto, mas não é. Vamos querer fazer isso. A desmaterialização do município vai servir de exemplo a muitos outros. Queremos acabar com o papel. Com as novas tecnologias, podemos fazer tudo online. As plataformas existem e o que queremos é chegar a todo o lado, permitindo às pessoas, de uma forma cómoda, ter acesso aos serviços, através de uma senha. Ganhamos com isso mais transparência e mais celeridade, que é aquilo que as pessoas muito se queixam dos serviços públicos, que são pesados, burocráticos e demoram muito tempo a responder.
E em termos financeiros como encontrou a câmara?
Com alguns problemas. Ainda estamos a tatear. Vamos ver o resultado final. Têm surgido algumas pessoas que reclamam ónus financeiros. Também queremos fazer uma auditoria externa. Sempre foi meu hábito, quer quando entrei pela primeira vez na Batalha, quer quando assumi em Leiria. Não há nada a recear, mas quero saber o que é que efectivamente existe, para depois sabermos o que é que temos de assumir.
O facto do anterior presidente ter dito que ia pedir a auditoria, esvaziou a sua vontade?
Não. Veio muito tarde. Já tínhamos isso no programa. Ele quis correr em pista própria e tentar dar um sinal de que 'eu é que...'
Há dinheiro na Câmara da Batalha, para além de salários e outras despesas correntes?
Não há. A câmara não tem dinheiro. Começa a ser sina minha entrar sempre com problemas para resolver. Tenciono fazer parcerias, até porque sentimos que a população está disponível para isso, e assim talvez consigamos obter resultados. Se estivermos só na posição autista não vamos a lado nenhum. Estamos a ter muita adesão no sector empresarial, nas associações, instituições de solidariedade, para que possamos também ajudá-los a desenvolver e, acima de tudo, provocar aquilo que é essencial: desenvolvimento. Crescimento não significa desenvolvimento. O desenvolvimento faz-se com as pessoas, as pessoas são postos de trabalho e postos de trabalho são empresas. Temos aqui grandes desafios assumidos e temos de reverter rapidamente algumas coisas, como o Plano Director Municipal [PDM] da Batalha. A maior parte das pessoas foram lesadas nos seus interesses materiais e pessoais, com o facto do PDM aprovado em 2015 ter praticamente eliminado mais de 50% da área urbana disponível. Temos muita procura de empresas que querem vir e temos também de olhar para a parte residencial, porque trazer empresas sem cuidar de ter alojamento para os trabalhadores também não é nada bom. Há que desenvolver as duas situações: zonas industriais e zonas residenciais. Quando um concelho tem empresas de relevo nacional e internac
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