Opinião

25% de uma quinta grande? Ou 100% de uma quinta pequena?

19 nov 2025 00:00

Processos de abertura de capital das nossas empresas. Vantagens e desvantagens

A abertura do capital de uma empresa pode ser encarada como uma mera forma de captar recursos financeiros, internos ou externos, mas acima de tudo deve, na nossa opinião, ser entendida como uma ferramenta de transformação na estrutura organizativa, na cultura e na governance da mesma!

Pressupõe sempre a mudança de uma gestão centrada nos sócios-fundadores para uma gestão mais virada para o exterior, permitindo alavancar aquilo que são os objetivos pretendidos, como a internacionalização, a maior amplitude de serviços ou produtos, a gestão da sucessão (temporária, ou definitiva, mantendo os acionistas a sua posição de investidores de capital) ou a orientação global para a maximização dos resultados e da performance, com vista a um alinhamento de saída conjunto, num futuro, ou até o  restabelecimento da situação inicial (recompra à entidade investidora).

É uma decisão estratégica que deve ser acompanhada de forma rigorosa, por equipas especializadas, quer a nível fiscal, contabilístico, financeiro e jurídico, pois impacta significativamente o modelo de negócio e a relação da empresa com o mercado.

Existem diversos instrumentos “alternativos” disponíveis neste processo, nomeadamente o crowdfunding e o equity crowdfunding, os business angels e o capital de risco.

O crowdfunding e o equity crowdfunding permitem captar capital junto de múltiplos pequenos investidores, através de plataformas digitais.

Os business angels funcionam como investidores individuais que aplicam capital próprio em empresas “jovens”, como startups ou pequenas empresas, em troca de uma participação no capital, know-how e networking.

A forma mais corrente vem através do capital de risco, nas suas mais diversas formas, consoante o estágio em que a empresa se encontra, via fundos de investimento mobiliário ou imobiliário ou sociedades de capital de risco que investem tendencialmente através de participações mais elevadas no capital social, em empresas com elevado potencial de crescimento e exponenciação, com o propósito de auxiliar nos processos já referidos.

Entre as vantagens, está a captação de recursos financeiros (efeito imediato) e o claro fortalecimento do governance.

Os desafios trazem a redução da autonomia dos fundadores e gestores atuais, mas nos processos que temos acompanhado, assistimos a uma clara consolidação da posição das empresas, a diminuição da dependência dos financiamentos tradicionais e uma clara alavancagem do crescimento!

A nossa experiência diz-nos, no entanto, que devem ser processos obrigatoriamente bem acompanhados, quer ao nível negocial, quer ao nível da implementação e execução, por forma a que o potencial de crescimento seja efetivado!

Temos, enquanto prestadores de serviços, acompanhado diversas operações que trazem para cima da mesa temas de validação prévia (due diligence), considerações de avaliação do negócio como um todo e análise cuidada da estruturação da operação, assim como dos respetivos impactos fiscais, que também devem ser antecipadamente pensados.

Constitui sem dúvida, uma ferramenta que tem vindo a ganhar terreno nos últimos anos, que permite ao mesmo tempo que há partilha de ganhos, partilha de risco!

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990