Opinião
30 anos nos Conqueiros
Mais do que enunciar saberes, criar comissões, nomear júris e repetir colóquios geralmente inócuos e (quase sempre) com limitados resultados, talvez seja a hora de inovar verdadeiramente
Foi anunciado na passada semana mais um recorde para a região. Sortilégio temporal, ou nem tanto, este anúncio coincidiu com a jornada “Pensar Leiria”.
Bobi, um cão natural da aldeia de Conqueiros, foi reconhecido como o canídeo doméstico com mais anos de vida. Os seus simpáticos tutores apontaram razões para o sucedido, e pela cidade e aldeias adjacentes comentou-se abundantemente esta notícia.
Na verdade, por todo o mundo se identifica hoje a cidade por intermédio deste velho companheiro. Não vou aqui referenciar os inúmeros contactos que recebi de todo o mundo, mas posso partilhar que foi desde a cidade de Chicago (EUA) que fui informado da longevidade de Bobi.
É curioso notar como a região se inscreve na esfera comunicacional global através do Bobi. Distantes de cogitações e processos tidos como mais sofisticados para a qualificação da região, foi através de um animal de companhia que se alcançou mais este (notável) registo. Trinta anos após Carlos Vieira, o bombeiro ciclista, surge agora um novo atleta na defesa do castelo.
O sucesso da empresa que compila este tipo de façanhas deve também ser reconhecido. A capacidade de promoção e marketing do universo Guinness facilitam sem dúvida a notoriedade dos galardoados, mas a absoluta espontaneidade deste recorde deve levar as autoridades a considerar novas formas de valorização de elementos eminentemente locais que qualificam a região à escala global.
Mais do que enunciar saberes, criar comissões, nomear júris e repetir colóquios geralmente inócuos e (quase sempre) com limitados resultados, talvez seja a hora de inovar verdadeiramente. Haverá pessoas seguramente mais qualificadas que este vosso colunista, algumas delas eleitas pelos seus pares, para apontar novos caminhos.
No meu caso, bastaria que me indicassem o que está a ser feito relativamente aos corvos-marinhos-de-faces-brancas que por estes dias visitam a cidade, instalados nas margens do Lis, ou quantos anos terá o mais velho achigã da Ervedeira.