Opinião

A Europa em Leiria

16 mar 2024 10:10

Uma competição desta responsabilidade e importância no contexto europeu da modalidade é uma tarefa hercúlea que mobiliza centenas de voluntários

Fazendo jus a uma tradição que começou há década e meia com a primeira Superliga Europeia de atletismo (2009) em Leiria, tivemos no passado fim de semana mais uma competição de nível europeu que trouxe à cidade cerca de 300 atletas de 40 países, a nata dos lançamentos do nosso continente com múltiplos medalhados olímpicos, europeus e mundiais a passarem pelo Estádio e o Centro Nacional de Lançamentos (CNL) e a alcançar resultados de nível internacional.

Este ano e entre outras grandes marcas, tivemos a nossa Irina Rodrigues a chegar a número 1 do ranking mundial do lançamento do disco com um resultado que é em simultâneo recorde nacional, lhe deu a medalha de ouro individual e contribuiu para a prata coletiva da equipa feminina. Mas o que vou aqui destacar acima de tudo é algo que passa muitas vezes desapercebido e não é suficientemente valorizado por quem não está dentro da modalidade ou nunca se envolveu neste tipo de organizações.

É que uma competição desta responsabilidade e importância no contexto europeu da modalidade é uma tarefa hercúlea que mobiliza centenas de voluntários, ilustres desconhecidos sem os quais seria impossível pôr de pé o evento. Claro que não seria possível avançar com esta organização que a cidade recebeu em 6 dos últimos 10 anos sem a colaboração da Câmara, da ADAL, da Federação e da European Athletics e que temos um CNL equipado e preparado para receber atletas de elite.

Mas depois há uma imensa mole de gente que trata de toda a logística necessária para ir buscar os atletas e equipas nacionais aos aeroportos, trazê-los para cá, alojá-los, alimentá-los, certificar-se de que estão nos locais destinados às competições nos horários previstos, levá-los de volta aos respetivos hotéis e devolvê-los sãos e salvos a casa.

Mas há mais: tem de se ter um controlo antidoping montado segundo as diretivas da modalidade, atribuir medalhas, lançar resultados em tempo real e medir, muito. E não é boa ideia confundir bandeiras nem hinos nas cerimónias protocolares, os atletas não gostam…E quando se aleijam? Tem de haver uma estrutura profissional para acudir a quem precisa, principalmente quando estamos a falar de profissionais da elite mundial que têm os olhos em Paris daqui a uns meses.

São estes heróis que quero celebrar, quem abdica voluntariamente de horas, dias e noites das suas vidas por amor à modalidade e à cidade. E de entre toda esta gente não posso esquecer quem mais fez para que estes eventos decorram em Leiria, quem começou por organizar Taças dos Campeões Europeus de Juniores anos a fio e depois se abalançou às Taças da Europa de Lançamentos e que está na raiz e é o suporte de tudo isto: sim, estou a falar novamente do Juventude Vidigalense. Parabéns por continuarem a levar por essa Europa o nome de Leiria.