Opinião
A insustentável alienação
Os canais norte americanos têm produção cultural excelente, sofrível e muito má.
O canal História é paradigmático. Nascido como canal cultural, prometendo documentários de qualidade (de “História) e o apoio à produção nacional, foi decaindo na sua programação, ao ponto de ser obsceno chamar-lhe “Canal História”. E os outros canais temáticos vão pelo mesmo caminho.
O canal Odisseia, o Discovery e até o insuspeito National Geographic vendem cada vez mais “gato por lebre”. Todos eles, caídos no remoninho das audiências, vão emitindo displicentemente, sustentados no argumento de darem ao público o que o público quer, mesmo quando esse argumento falacioso se traduz em programação leviana e de má qualidade.
Deve ser o mesmo argumento que leva as televisões nacionais a apresentarem-nos nos programas populares dos domingos uma inenarrável “música portuguesa”, numa passerelle de brejeirice e mau gosto, junto da qual – digo-o sem ironia - Quim Barreiros é sempre uma pérola do bem versejar e musicar.
Os canais norte americanos têm produção cultural excelente, sofrível e muito má. Mas não é de estranhar que conjuntamente com o pouco muito bom exportem o muito mau, sobretudo para os países que, pelos vistos, devem considerar culturalmente atrasados ou amorfos, como será Portugal. E o que mais me irrita é a passividade de quem gere os canais em Portugal, a começar pelos seus proprietários, passando pelos coordenadores de emissão.
Não se deve dar ao público o que ele quer, porque os media têm a responsabilidade ética de dar sempre ao público muito mais cultura do que é suposto ele querer. Porque a educação pela cultura também é isso mesmo: compreender, propor, enfrentar, elevar-se; e porque para sobreviver a democracia não pode pactuar com alienação.
Os defensores das “liberdades integrais” sem
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