Opinião
Ameaça asiática
O avanço da vespa velutina representa uma ameaça à sustentabilidade da apicultura nacional e pode apresentar alguns riscos para a população
A vespa asiática, mais corretamente chamada de vespa velutina, trata-se de uma espécie invasora de origem asiática, que chegou à Europa por via marítima, em 2004. Em Portugal, foi avistada inicialmente no Minho e tem vindo a colonizar o restante território.
Trata-se de uma espécie predadora da Vespa crabo (vespa europeia), mas que ameaça a sustentabilidade da apicultura nacional, com eventuais consequências na produção de mel e na produção agrícola, já que também ataca as abelhas, inseto polinizador por excelência. Para evitar confusões, convém referir que a vespa europeia, espécie autóctone, é mais amarelada e com patas pretas, enquanto a Vespa velutina (vespa asiática) tem o abdómen predominantemente negro e outras características distintas.
Instala-se sobretudo em áreas urbanas e periurbanas, e dada esta proximidade, pode apresentar alguns riscos para a população, já que a vespa asiática demonstra uma elevada agressividade com a perturbação dos seus ninhos.
No período de fevereiro a junho, a utilização de armadilhas para a captura de fundadoras revela-se de enorme importância, pois a captura das fêmeas fundadoras quando estas ainda estão na fase de ninhos primários, impede que possam evoluir para a construção de ninhos definitivos, que podem albergar 2000 vespas. Cada ninho de vespa asiática, quando começa a crescer, a partir de junho, atinge o tamanho de uma bola de futebol. A partir desta altura, o uso destas armadilhas é contraproducente, pois a probabilidade de apanhar vespas obreiras é maior do que apanhar as fundadoras.
Os locais preferidos para a construção dos ninhos são as copas de árvores, alpendres, beirados de telhados, paredes, armazéns desocupados, em suma, em qualquer local abrigado.
A deteção precoce dos ninhos e a sua comunicação ao Serviço Municipal de Proteção Civil, para remoção ou inativação, é deveras importante. De ano para ano, têm aumentado o número de avistamentos de ninhos primários e definitivos, e o sentimento geral é que esta praga se está a disseminar cada vez mais, para novos territórios. O avistamento de vespas asiáticas, só por si não significa muito, pois o seu raio de ação pode ser de cerca de 1 quilómetro do ninho, pelo que verdadeiramente o que interessa, é a localização deste.
No controlo de espécies exóticas invasoras, a prevenção é vista como a ferramenta mais útil, seguida pela deteção precoce, resposta rápida, controlo e erradicação.
No caso da vespa asiática, uma deteção precoce e resposta rápida, são essenciais para uma gestão bem-sucedida desta praga, pelo que o contributo da população é muito importante. Apenas desta forma será possível efetuar o seu controlo e evitar que a praga se dissemine e provoque prejuízos económicos na fileira apícola e por vezes, mortes, sobretudo devidas a alergia a picadas. A erradicação, por ora, não parece vir a ser possível!