Editorial
Ânimos exaltados
Em 2023, registaram-se mais de 1.300 agressões a elementos das forças de segurança
Desta vez foi em Alcobaça, mas, lamentavelmente, não é caso isolado no País e na nossa região. Um homem de 39 anos, alegadamente embriagado, caiu de moto numa estrada do concelho alcobacense. Os populares que assistiram à queda apressaram-se a ir em seu auxílio mas, pasme-se, foram recebidos com insultos e provocações.
Alertadas as autoridades, uma patrulha da PSP deslocou-se para o local do acidente e… nova surpresa. O motociclista, eufórico, não só se dirigiu aos polícias com “expressões vernáculas” e ameaçadoras, como terá tido o desplante de os desafiar para uma troca de agressões.
Com recurso a gás pimenta, o homem lá foi detido e transportado ao posto policial, mas nem assim se acalmou. Segundo a versão da PSP, continuou a manifestar “ataques de fúria”, danificando mesmo a porta de entrada da esquadra. No dia seguinte, foi levado a um juiz de instrução criminal, que o mandou em liberdade até à realização do julgamento.
Este ano ainda não há dados concretos mas, em 2023, de acordo com o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), registaram-se mais de 1.300 agressões a elementos das forças de segurança em território nacional. Uma média de três a quatro ataques por dia.
No distrito de Leiria, só na área da PSP, até Junho passado, já se tinham verificado oito casos de agressões a polícias. O agravamento das punições para este tipo de crime, com a possibilidade de cumprimento de uma pena de prisão efectiva, tinha sido objecto de uma proposta de lei do anterior Governo.
O actual executivo também anunciou a intenção de reforçar o quadro legal nos casos de agressões e ofensas contra forças e serviços de segurança, alargando a abrangência ao pessoal docente e não docente, guardas prisionais e profissionais de saúde.
A dúvida que fica, mesmo depois de aplicadas estas medidas, é a sua eficácia preventiva. É perceber se a clara falta de respeito pelo próximo e, neste caso concreto pelas forças da autoridade, se resolve apenas com mais repressão.