Opinião

Bons e maus exemplos

4 out 2018 00:00

Reconhecida, cá dentro e lá fora, é a capacidade de cooperação e de diálogo dos empresários que, além de concorrentes, são muitas vezes parceiros.

No panorama nacional, Leiria é certamente um dos distritos que podem ser apontados como bons exemplos a diversos níveis. O know-how e a capacidade tecnológica da sua indústria é um deles, mas há muitos outros. Disso mesmo se dá conta nesta edição.

A Semana de Moldes trouxe à Marinha Grande, durante esta semana, empresários, investigadores, dirigentes associativos e jornalistas de vários países, que reconhecem a capacidade tecnológica da indústria e o espírito de cooperação dos seus agentes.

De facto, este é um cluster que tem sabido olhar para a frente, perceber as tendências de mercado, ajustar-se e apresentar respostas consentâneas com as necessidades dos clientes. Passando momentos difíceis, como outros sectores os têm passado, tem sabido sempre dar a volta e surgir reforçado e com novas competências.

Reconhecida, cá dentro e lá fora, é a capacidade de cooperação e de diálogo dos empresários que, além de concorrentes, são muitas vezes parceiros.

Na área da saúde, e embora se saiba que nem tudo é perfeito e que ainda há aspectos a melhorar, o Hospital de Santo André tem igualmente sido referido como exemplo em várias áreas.

A sua especialização e a qualidade dos serviços prestados pelo Serviço de Pneumonologia terão certamente sido determinantes para o facto de ter sido a unidade escolhida pelo Hospital do Funchal para tratar uma doente crítica oriunda da Madeira.

Também a nível cultural se podem apontar muitos e bons exemplos na região.Olhe-se para Óbidos, onde os vários projectos desenvolvidos, entre eles o festival Folio, realizado por estes dias, colocaram a vila nas bocas do mundo.

Ou para o fenómeno Silence 4, cujo primeiro álbum comemora agora 20 anos. Está na lista dos mais vendidos de sempre em Portugal, com as receitas a atingirem valores na ordem dos sete dígitos. Um feito sem precedentes para uma banda de fora dos círculos artísticos de Lisboa ou do Porto. Embora não existam já enquanto banda, provaram que não há impossíveis.

Mas como não há bela sem senão, a região também tem a sua conta de maus exemplos. O mais gritante é a incapacidade de resolver os problemas de poluição ambiental, muitas vezes associados a descargas de suiniculturas para os afluentes do Lis.

O processo de construção da Estação de Tratamento de Efluentes Suinícolas, para o qual havia apoios comunitários, arrastou-se durante anos e o projecto acabou por ser abandonado ainda antes de ter começado, porque o promotor, a Recilis, não cumpriu os requisitos do acordo.

Esta terça-feira soube-se que o Governo decidiu que a construção será feita com uma componente “exclusivamente pública”. A ver vamos, como diz o ditado!