Opinião

Cinema e TV | Challengers, um encontro no ténis

23 ago 2024 11:29

Esta não é uma narrativa focada na carreira de um atleta, mas sim um romance original e envolvente que mantém o espectador preso até ao fim

Challengers, dirigido por Luca Guadagnino, é um filme que vai além do desporto e cativa mesmo aqueles que não têm interesse em ténis. Esta não é uma narrativa focada na carreira de um atleta, mas sim um romance original e envolvente que mantém o espectador preso até ao fim, independentemente das suas preferências cinematográficas.

Guadagnino, reconhecido por filmes como Call Me by Your Name e Bones and All, confirma novamente o seu talento para contar histórias de romance. A sua habilidade em explorar as complexidades das relações humanas e as nuances emocionais é evidente em Challengers, onde cada personagem é trabalhada com profundidade e autenticidade, criando uma narrativa rica e emocionalmente ressonante. A edição do filme é um dos seus pontos fortes, apresentando uma montagem dinâmica e fluida que se alia perfeitamente à banda sonora de Trent Reznor e Atticus Ross. A música, evocativa do estilo de Nicolas Winding Refn, intensifica a atmosfera e o ritmo do filme, contribuindo significativamente para a experiência imersiva do público.

A cinematografia de Sayombhu Mukdeeprom merece igualmente destaque. Comparada com os trabalhos anteriores que fez com Guadagnino, a fotografia em Challengers é um desafio bem-sucedido. Cada cena é capturada com uma sensibilidade única, especialmente nas sequências de tensão e nos momentos desportivos, que são visualmente impressionantes. Mukdeeprom utiliza a câmara para amplificar a tensão emocional e dramática, criando uma experiência visual que complementa perfeitamente a narrativa.

Outro aspeto intrigante do filme é a forma como Guadagnino manipula a perceção do espectador sobre a preferência sexual das personagens. Esta ambiguidade intencional adiciona uma camada de complexidade e intriga, mantendo assim o público envolvido e questionar constantemente as motivações dos protagonistas. Esta abordagem torna Challengers uma exploração de identidade e desejo, além de um romance, enriquecendo a sua profundidade narrativa.

Em resumo, Challengers surpreende, mesmo os que normalmente evitam filmes de desporto, como eu. Com uma direção magistral de Luca Guadagnino, uma edição envolvente, uma banda sonora impactante e uma fotografia deslumbrante, o filme oferece uma experiência cinematográfica rica e multifacetada. Guadagnino demonstra mais uma vez o seu talento inquestionável, criando uma obra que cativa e emociona.