Editorial
Com três letrinhas apenas se escreve ESG
O tema parece um pouco exotérico, mas tem impacto até no modo como os colaboradores das empresas chega, todos os dias, ao seu posto de trabalho
São apenas três letrinhas, mas poderão vir a dar dores de cabeça às empresas. A ESG, do inglês Environmental, Social and Corporate Governance, que pode ser traduzida por “boas práticas ambientais, sociais e de boa governança das empresas”, passou, ao longo deste ano, a ser uma presença constante na boca de gestores e de políticos.
A sua aplicação, a nível europeu deriva dos 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. A aplicação desta regulamentação às 50 mil maiores empresas da União Europeia implica um processo que se assemelha a uma teia de aranha, na medida em que não obriga apenas a quem está no topo a cumprir, mas que os seus fornecedores e os fornecedores dos fornecedores também sejam diligentes em termos de redução da sua pegada carbónica, políticas sociais dentro da empresa.
Entre nós, há empresas que já ouviram falar nesta regulamentação e que, por estarem expostas a mercados externos, já iniciaram alterações nas suas estruturas, de forma a acolhê-las. Porém, há quem ainda nem sequer saiba da sua existência ou ainda quem esteja à espera de ver o que vai acontecer e deixe correr o prazo para a sua implementação.
O tema parece um pouco exotérico, mas tem impacto até no modo como os colaboradores das empresas – a maior parte de nós – chega, todos os dias, ao seu posto de trabalho, como serão e quais os materiais utilizados nas casas do futuro e, mais importante, em quem poderá e não poderá concorrer, nos concursos públicos, a contratos de prestação de serviços ou de obras.
Mas há mais. A aposta na rodovia, em detrimento da ferrovia, para transporte de passageiros e, em especial de mercadorias, caso nada seja feito, poderá encarecer qualquer deslocação ou envio de encomenda, dado que camiões e autocarros são mais poluentes do que os comboios e será necessário pagar taxas ou comprar créditos de carbono. Um dos empresários com quem falámos, alerta que, se os clientes começarem a exigir provas de conformidade com os novos padrões ESG, e não as encontrarem, as PME poderão correr o risco de perderem encomendas.
Falando ainda de ambiente e daquilo que é nosso, hoje, dia 23 de Novembro celebra-se o dia da árvore. Ou melhor, celebra-se o Dia da Árvore Autóctone e o JORNAL DE LEIRIA volta a incentivar os mais novos a descobrir, a semear e a proteger a nossa floresta, ameaçada pela voracidade das explorações industriais de árvores exóticas e pelas consequências nefastas da sua desorganização, em especial no Verão.
Plante carvalhos, sobreiros, castanheiros medronheiros e pilriteiros e cuide deles. Os seus filhos e netos agradecer-lhe-ão.