Opinião

CULTURA, UNIVER(CIDADE) E (DES)ENVOLVIMENTO - VIII

25 out 2016 00:00

A comunicação social volta a falar da transformação de Politécnicos em Universidades. Estava a sentir-me sozinho na luta pela Universidade de Leiria. Mas devagar se vai ao longe!

O Diário de Notícias (DN) de 22 de outubro de 2016 penso ter sido o primeiro jornal, seguido do Sapo 24, a noticiar a importante reunião que os Presidentes dos Conselhos Gerais dos Institutos Politécnicos de Politécnicos de Bragança, Castelo Branco, Cávado e Ave, Coimbra, Guarda, Leiria, Lisboa, Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal, Tomar e Viseu fizeram em Leiria, pedindo à tutela que autorize os politécnicos a utilizarem, em documentos oficiais e de informação ou divulgação produzidos em língua estrangeira, a designação University of Applied Science (Universidade de Ciências Aplicadas), a exemplo do que acontece na EURASHE - Associação Europeia de Instituições de Ensino Superior, e, ainda, a lecionar o 3.º ciclo de Bolonha, curso de doutoramento conducente ao grau de doutor.

É importante que os Conselhos Gerais avancem com medidas proactivas e não se limitem à sua insularidade de discutir, aprovar, ou não, propostas das presidências. O grande público talvez possa ter percebido, agora, da existência deste órgão. Os meus parabéns, portanto a esta iniciativa.

Foi muito importante, também, que esta reunião tenha ocorrido em Leiria, que tem um dos Politécnicos mais ativos do país e que tem número de docentes e de estudantes muito superior a várias universidades portuguesas de que darei conta, aqui, em artigos futuros.

Semelhante reivindicação deveria ser feita, com a máxima urgência, por parte do CCISP (Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos), o órgão paralelo ao CRUP (Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas).

E, por que não, um “prós e contras” sobre ensino politécnico e universitário com a Fátima Campos Ferreira a saber escutar os vários pontos de vista em causa? Vou, entretanto, fazer-lhe essa sugestão.

Curiosas são as palavras do professor doutor Alberto Amaral, ex-reitor da Universidade do Porto, com quem já falei particularmente sobre o apartheid que o dualismo do ensino superior em Portugal impõe sobre os estudantes, suas famílias e seus professores, citadas no tal artigo do DN de 22/10/16: “O dirigente da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), Alberto Amaral, concorda que os institutos politécnicos possam atribuir doutoramentos, de caráter profissional, em ligação com as empresas, "desde que tenham capacidade para o fazer" e haja "uma avaliação exigente".

Vale a pena perguntar, o que é ter capacidade para o fazer? Então não é a A3ES que avalia, tanto para as universidades como para os politécnicos, todos os cursos e propostas de novos cursos?

Vale, a pena, portanto, perguntar, também, o que é uma avaliação exigente. Então, a A3ES, que foi iniciada e coordenada pelo Professor Alberto Amaral, não é exigente?

"É MELHOR MERECER AS HONRAS SEM RECEBÊ-LAS DO QUE RECEBÊ-LAS SEM MERECÊ-LAS." (Mark Twain)

Professor Coordenador Principal ESECS-IPLeira e CICS.NOVA.IPLeiria

(O autor do texto segue as regras do Acordo Ortográfico de 1990)