Opinião

Dar à corda é mais (eco)lógico

4 jul 2025 16:14

Somos cada vez mais preguiçosos, querendo fazer o menos possível, só que isso tem custos vários, ambientais, sociais, entre outros

Um dia dei por mim irritado com o facto das pilhas para relógio durarem cada vez menos e custarem cada vez mais. Percebi que, ao final de duas décadas, as pilhas que já tinha tido de comprar tinham sido mais caras que o próprio relógio. Em menos de dois anos tinha de comprar uma pilha nova. A solução mais racional e ecológica? Um relógio de corda, tal como antigamente era bastante comum.

Outro dia dei por mim preocupado com o facto das crianças actualmente serem cobertas de brinquedos a pilhas, os quais têm como principal atracção sons irritantes e que ao final de umas semanas se juntam a uma pilha de outros brinquedos, também a pilhas.

Em vez de vermos montras cheias de brinquedos úteis, pedagógicos e ecológicos, vemos montras cheias de objectos de plástico brilhante das mais variadas cores e todos eles funcionando a pilhas. Somos reféns dos vendedores de pilhas, e não das recarregáveis, pois essas, estranhamente, são mais difíceis de comprar, mesmo que pela mão dos mesmos fabricantes, pois o que importa é vender até não poder mais.

Um bom hábito? Por exemplo fazer as crianças aprenderem a fazer os seus próprios brinquedos, pois isso é importante a vários níveis, casos da destreza motora e capacidades cognitivas. A minha geração sabe o que isso é, mas os pequenos, muito poucos saberão alguma vez o que isso é.

Somos cada vez mais preguiçosos, querendo fazer o menos possível, só que isso tem custos vários, ambientais, sociais, entre outros. Não nos sentamos para ponderar bem o que andamos aqui a fazer, chutando sempre para a frente e vindo sempre com a desculpa que temos muito em que pensar e que não temos tempo para pensar em coisas que achamos menores.

Poucos se dão ao trabalho de analisar o ciclo dos materiais e o ciclo das nossas acções, ambos elementos fundamentais nas nossas vidas, para o melhor e para o pior, daí a importância de pararmos para pensar a vida que queremos e o legado que aqui vamos deixar.

É urgente descomplicar para ganhar qualidade de vida.