Opinião
Devoção
O corpo fica ávido de repousos. A alma incita ao mergulho na transparência dos horizontes. E o ritmo do estio abranda as ideias e os seus planos.
Há no Verão uma gramática distinta. E ler no corpo dessa época é uma equação singular, uma arte que nos convoca a decifrar a alquimia do pensamento.
O tempo largo, a brisa amena e a luz desanuviada, convidam ao desprendimento e à fuga das coisas rotineiras que nos embargam os sentidos. O corpo fica ávido de repousos. A alma incita ao mergulho na transparência dos horizontes. E o ritmo do estio abranda as ideias e os seus planos.
O Verão é o palco onde todos revivemos as lembranças da infância. As suas tardes sem término, impregnadas de aromas e paladares inconfessáveis. Aproveitar a atmosfera morna das tardes emergindo-nos nas páginas de um livro é sempre um vislumbre que nos apodera e coage à fruição.
O envio do olhar às minúcias dos vocábulos impressos em papel é um gesto merecido, prazer e folgo que se enreda ao universo em que nos recentramos. O acto livre de ler inscreve-nos num renovado espaço e tempo interiores, propondo usos imóveis ao corpo por via da imaginação.
Uma história, um conto ou um conjunto de poemas devolvem-nos o indispensável, pondo-nos em contacto com o essencial, levando-nos a reflectir que somos transformados num qualquer personagem, viandante de nós mesmos, convidando-nos a enfrentar a realidade “cara a cara”, re-descobrindo que jamais seremos felizes sozinhos e sem o legado da memória e das suas ramificações, assentes no presente e ancorados no futuro.
Será sempre suprema a capacidade de pensar o mundo que em nós habita por intermédio dos escritos que le
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