Editorial
E agora… sem máscara
Em muitos dos cafés e restaurantes, a desinfecção das mesas e cadeiras, sempre que havia uma troca de clientes, também parece ter caído em desuso
É inegável o gosto que a generalidade da população portuguesa tem pelas festas e pelo convívio social. Depois de dois anos praticamente agrilhoados pela Covid-19, assim que se viram livres das restrições, os portugueses voltaram em massa às esplanadas, aos bares, às feiras e festivais.
Na passada sexta-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou ocialmente o m da pandemia. Mas não foi preciso esperar por esta medida, pois, muito antes, já os conselhos das autoridades sanitárias tinham sido esquecidos, quer pelas pessoas no seu dia-a-dia, quer pela maior parte das entidades e instituições.
O simples gesto de lavar ou desinfectar as mãos com regularidade, um hábito de higiene aconselhável mesmo sem a ameaça de uma pandemia, parece ter voltado ao esquecimento. E os dispensadores de álcool gel, obrigatórios no período pandémico à entrada dos estabelecimentos, são agora genericamente inexistentes. E se estão lá, as pessoas praticamente não os usam.
Em muitos dos cafés e restaurantes, a desinfecção das mesas e cadeiras, sempre que havia uma troca de clientes, também parece ter caído em desuso. Isto, para não falar do uso da máscara de protecção individual, que, apesar do incómodo, seria recomendável, pelo menos nos casos em que se suspeita de uma infecção susceptível de ser transmitida a quem se cruza com quem está infectado.
Mas tudo isso já é passado. E, na memória, o que parece prevalecer é apenas o tempo em que não se podia sair à noite, não se podia ir ao centro comercial, às festas e aos convívios com os amigos.
Como tal, os eventos, como se tem visto recentemente por todo o País e pela região de Leiria em particular, continuam a bater recordes de participação. E já quase ninguém liga aos casos de Covid-19 reportados diariamente pela Direcção-Geral de Saúde, apesar de continuarem a existir.
Curiosamente, é depois dos ns-de-semana que se têm registado mais noticações. A média de infecções detectada à segunda-feira, nos últimos meses, tem andado na casa das três centenas, e o número de óbitos associado à doença tem-se mantido, regra geral, abaixo de uma dezena. Mas festa é festa.