Editorial
É tão bom ter opinião
Três pontos de vista que requerem uma leitura atenta, que merecem ser comentados e debatidos. Três crónicas que nos relembram como é tão bom ter opinião
A opinião é um direito que se foi tornando mais livre nas últimas décadas. É símbolo da liberdade de expressão, é veículo de transmissão de ideias, de conceitos, de conhecimento, de vivências. É também um garante de pluralidade e laboratório de experiências literárias, sobretudo quando se trata de opinião publicada.
Esta semana, e sem qualquer intenção discriminatória para o restante painel de opinadores e opinadoras, permitam uma chamada de atenção para as pertinentes reflexões que nos são oferecidas por Amélia do Vale, Carina João Oliveira e Francisco Freire.
Na sua crónica, Amélia do Vale conta a história de uma adolescente que encontrava na agressividade a estratégia para se defender, antecipadamente, de possíveis ataques no meio familiar ou escolar. A jovem tinha crescido sem referências parentais, no seio de uma família desestruturada, e agia de forma agressiva na escola, sem que ninguém se apercebesse das verdadeiras razões porque o fazia. Neste relato, há tanto para ler nas entrelinhas. Não só porque alerta para a importância da educação, no sentido mais lato, mas também porque aflora a agressividade gratuita e despropositada manifestada por alguns políticos, perante a indignação de muitos portugueses pelo chumbo do Orçamento de Estado. Eles, que deviam ser um exemplo.
Carina João Oliveira recorda-nos a triste realidade do aumento da pobreza em Portugal e, à boleia das conclusões da última Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP26), interpela-nos a pensar se estamos realmente a fazer o necessário para acautelar o futuro do planeta e combater o fosso entre ricos e pobres, numa sociedade “onde a prosperidade só assenta em crescimento e consumo”. “Somos excessivamente tolerantes com a pobreza e excessivamente lentos a reagir a tudo o que precisa de ser mudado, talvez por isso tenhamos que levar tudo como imposição”, alerta Carina João.
Já Francisco Freire brinda-nos com mais uma das suas bem humoradas e assertivas “Teorias rurais”, colocando o dedo na ferida da consciência ecológica e na importância da redução da pegada carbónica, deixada por cada um de nós.
Três pontos de vista que requerem uma leitura atenta, que merecem ser comentados e debatidos. Três crónicas que nos relembram como é tão bom ter opinião.