Editorial
Era uma vez … um estudo
Esta semana, o autarca surpreendeu os seus seguidores digitais, não com fake news, mas com old news
O presidente da Câmara Municipal de Leiria já demonstrou que é uma pessoa activa nas redes sociais e atenta ao que se vai passando nas plataformas digitais.
Há dois anos, deu-se ao trabalho de esclarecer, na sua conta do Facebook, que andava a circular uma publicação falsa sobre uma escultura (em forma de símbolo fálico) que alegadamente estaria para ser colocada no Jardim da Almuinha.
No seu esclarecimento, que chegou até a ter honras televisivas, Gonçalo Lopes explicava que, como seria fácil de entender, tratava-se de “uma piada de mau gosto, lançada por autores anónimos, que utilizam as redes sociais para fazerem circular informação falsa”. As chamadas fake news.
Esta semana, o autarca surpreendeu os seus seguidores digitais, não com fake news, mas com old news.
Num post publicado na segunda-feira, o presidente do município congratulava-se por Leiria ter sido eleita a segunda capital de distrito com melhor qualidade de vida, de acordo com um estudo da Deco. “Esta é uma distinção que muito nos orgulha. Vamos continuar a trabalhar para elevar os níveis de qualidade de vida de toda a comunidade”, acrescentava Gonçalo Lopes, numa curta mensagem que rapidamente mereceu o polegar ao alto de mais de 500 internautas e ultrapassou a meia centena de comentários, a maioria de agradecimento e incentivo.
O que o presidente não explicou é que o estudo a que se referia foi elaborado com base num inquérito realizado pela associação de defesa do consumidor em Outubro e Novembro de 2020 e divulgado em Março de 2021.
É verdade que, na segunda-feira, talvez por engano, os resultados deste estudo foram de novo publicados por uma plataforma de informação nacional. Mas uma leitura atenta da notícia permitiria concluir que se tratava de uma informação requentada, uma vez que referia, nos parágrafos finais, a data do envio do questionário aos inquiridos.
E se ainda assim subsistissem dúvidas, bastava um contacto para a Deco Proteste, para confirmar que o último estudo do género efectuado pela associação remonta mesmo a Março de 2021.