Editorial

Interpretar os indecisos

3 fev 2022 12:00

Será que uns conseguiram ler nas entrelinhas dos indecisos e dos que não respondem aos inquéritos e outros não?

Terminado o período eleitoral, é tempo de fazer o rescaldo.

No distrito de Leiria, assistiu-se à vitória histórica do Partido Socialista, que pode ser uma surpresa para muitos, mas, para outros, apenas o culminar com sucesso da estratégia política dos socialistas nos últimos anos.

Desde que Raul Castro (PS) ganhou a presidência da Câmara Municipal da capital de distrito a Isabel Damasceno (PSD), o PS não mais parou de subir na contagem final dos votos.

Recentemente, nas autárquicas, garantiu a vitória do primeiro socialista filiado na corrida ao Município de Leiria, agora, assegurou uma viragem histórica a nível distrital, deitando por terra aquele que era um dos últimos bastiões fiéis ao PSD.

E a dimensão desta conquista pode não ficar por aqui. Recorde-se que a encabeçar a lista do PS por Leiria estavam três secretários de Estado: António Sales, Catarina Sarmento e Castro e Eurico Brilhante Dias.

Se todos forem chamados de novo ao Governo, abre-se a porta de entrada da Assembleia da República ao sexto, sétimo e oitava candidatos da lista.

Outra nota que fica destas eleições, a nível regional, é que além de uma ligeira quebra na abstenção, e da assinalável redução nos votos em branco, o eleitorado escolheu uma nova terceira força política: o Chega.

Para trás foram deixados deputados com provas dadas no Parlamento, como Heloísa Apolónia (CDU) ou Ricardo Vicente (BE).

No discurso de vencido, Hugo Oliveira, número dois da lista do PSD por Leiria, resumiu a derrocada do PSD a uma ideia-chave: os sociais-democratas falharam na comunicação.

E a comunicação, numa eleição que envolve falar para todo o País em geral e para as regiões em particular, exige mestria.

É aqui que entra outro dos pontos chave destas eleições, as sondagens.

Será que as sondagens falharam mesmo, como se comenta por aí, ou foram um precioso instrumento para ditar o alinhamento da campanha eleitoral?

Será que uns conseguiram ler nas entrelinhas dos indecisos e dos que não respondem aos inquéritos e outros não?

Cabe às estruturas partidárias fazer a reflexão.

Já no que diz respeito aos 10 candidatos escolhidos para representar o distrito de Leiria na Assembleia da República, espera-se que honrem pelo menos um compromisso: trabalhar para o bem comum.