Opinião

Letras | Manuel de Instruções para Desaparecer, José Anjos

28 dez 2023 10:02

O poeta é salvação do homem e na mesma versão é também a clareza do fim

José Anjos é um poeta, músico e advogado português nascido em Lisboa em 1978. Ele publicou vários poemas em revistas e coletâneas e é autor de três livros: Manual de Instruções para Desaparecer, Fotografia Apontada à Cabeça e Somos Contemporâneos do Impossível. Além disso, ele é conhecido por participar em vários projetos musicais como baterista, guitarrista e spoken word artist.

“Do poema nasceu o homem – farto de estar sempre dentro da mesma carne”

O poeta é salvação do homem e na mesma versão é também a clareza do fim. Um punhal que se afunda e na pior dos destinos, salva. E ouve-se a voz deste homem, o poeta José Anjos, na sua versão de contador de aventuras-desventuras. A voz viva de quem tudo morre e tudo libera. O caminho é o poema.

“uma linha lenta sempre recta sempre certa incerta para onde quer que se vire o caminho é como o poema”

E ouve-se de fundo a guitarra d’O Gajo, e a harmonia por fim, dá razão ao disforme. Àquilo que não se vê a olho nu, apesar de nos entrar pelas vistas adentro. A morte vive em cada segundo de vida. Corremos longe do nascimento tentando evitar a morte, e o desaparecer está lá em cada centésimo desse segundo. Desses infinitos segundos que se tenta tarde chegar. Mas que chega. E com ela a paga.

“no bolso levo apenas a moeda de Heisenberg com saldo da minha vida – de um lado crédito do outro dívida saberei quando pagar”