Opinião

Liberdade, há-de… de haver e dever

2 mai 2019 00:00

O pão foi para a Base e nós para casa dos avós na praia da Vieira.

Fui à beira do mar
Ver o que lá havia
Ouvi uma voz cantar
Que ao longe me dizia 

Ó cantador alegre
Que é da tua alegria
Tens tanto para andar
E a noite está tão fria

Desde então a lavrar
No meu peito a alegria
Ouço alguém a bradar
Aproveita que é dia

Sentei-me a descansar
Enquanto amanhecia
Entre o céu e o mar
Uma proa rompia

Desde então a bater
No meu peito em segredo
Sinto uma voz dizer
Teima, teima sem medo

Fui Beira do Mar, de Zeca Afonso

25 de Abril de 1974, estava na escola primária, ainda só de meninas. Logo cedo o rádio transmitia as primeiras notícias e a professora Amélia, de bata branca, estava numa aflição. As notícias eram poucas e o filho estava para Lisboa.

Ao final da manhã, já em casa, uma explosão de alegria e um extraordinário e revelador momento de acreditar. Em minha casa o 25 de Abril de 1974 revelou-se-me uma vontade de fazer e uma consciência da partilha, da vontade de muitos e da liberdade.

O Verão quente de 75 deu-me outra dimensão, para alem de acreditar é necessário nos momentos decisivos intervir, defender as causas e partilhar.

Todos estavam na rua, da direita à esquerda. Lembro que os sinos tocaram a rebate na cidade, todos estavam a ser chamados.

A minha avó chegou a casa, vinda da rodoviária, entre balas (fomos mais tarde ver as marcas no edifício do turismo). Tenho ainda o cheiro do pão da Ponte Cavaleiro, que em grandes sacos de papel estava no hall de nossa casa rumo à BA5 em Monte Real.

O pão foi para a Base e nós para casa dos avós na praia da Vieira.

Lembro que com o

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