Linha de Alta Velocidade – O caso Leiria

O projecto da Linha Ferroviária de Alta Velocidade (LAV) Porto/Lisboa, caso se concretize, vai ter um forte impacto transformador na paisagem do território e no edificado de propriedade privada. E como será aqui em Leiria?

A LAV Porto/Lisboa está planeada para se desenvolver em três fases que abrangem os seguintes períodos: Fase 1 (Porto/Soure), 2021/28; Fase 2 (Soure/Carregado), 2022/30 e Fase 3 até Lisboa a partir de 2030. O troço que abrange Leiria está na Fase 2 e, neste exacto momento, de acordo com o cronograma da Infraestruturas de Portugal (IP), já deveriam estar a decorrer os seus respectivos es-tudos.

Em todas as fases, o cronograma exige estudos prévios e de impacte ambiental. No caso da fase Porto/Soure, esses estudos foram actualizados a partir dos que já tinham sido feitos e aprovados em 2009 e 2010. E os corredores que estiveram recentemente em estudo decorrem de melhorias aos anteriores. Portanto, a base de trabalho da IP é a mesma de 2009/10, mas com actualizações, ouvindo as diversas entidades envolvidas e afectadas. É esta a metodologia de trabalho. Portanto, não é despropositado assumir que o mesmo se passará em Leiria.

Neste exacto momento, as populações não têm quaisquer informações técnicas disponibilizadas nem pela câmara, nem pela IP e nem pela comunicação social sobre a LAV em Leiria. No entanto, num documento de Junho deste ano, a junta de freguesia de Amor já expressou a sua posição referente a duas soluções (A e B) do trajecto da LAV no território. Em Amor, a solução A tem implicações em edificados habitacionais e económicos, enquanto que a solução B antevê perturbações no trânsito e nos sistemas de drenagem de água. Portanto, as informações já existem e não estão a ser divulgadas às populações.

Tal como na Fase 1, o projecto da Fase 2 em Leiria da LAV é de 2009 e envolve as freguesias de Regueira de Pontes, Amor, Barosa e Maceira. Em Regueira de Pontes o traçado passa a sul da Matoeira, abaixo da maior concentração de edificados. O mesmo se passa em Amor e na Maceira que atravessa, sobretudo, área verde. No entanto, o ponto crítico da LAV em Leiria é a freguesia da Barosa, que servirá de interface à linha do Oeste, nos lugares do Vale da Arieira, Sobreiro e Carreira de Água, onde há edificado habitacional, gasoduto, a A17 e a N242. Nos estudos de 2009, previa-se a desactivação da linha do Oeste. No actual projecto, a linha do Oeste será requalificada e integrada à LAV privilegiando os destinos para a Figueira da Foz e Caldas da Rainha.

A Barosa está na iminência de sofrer uma profunda transformação do seu território (LAV, Martingil Urban e Aquapolis). A população não é informada nem esclarecida. É tudo feito em secretismo sob um clima permanente de festas na cidade. Algo de muito grave se vai passar na Barosa. Fiquem atentos.