Opinião
Mão Morta / Viva La Muerte! – Rock de inquietação contra ventos adversos
Leiria receberá este espectáculo já em 20 de Setembro. É de ir e não perder pitada!
Uma das primeiras grandes novidades discográficas do início deste ano foi a edição de um novo álbum dos bracarenses Mão Morta, em que sob o título Viva la Muerte! comemoravam simultaneamente o seu 40º aniversário e os 50 anos do 25 de Abril, fazendo-o num contexto de radical avanço da extrema-direita e do discurso de ódio na Europa.
É contra esses ventos adversos que os Mão Morta se pronunciam nesta sua desassombrada produção discográfica, inquietação criativa que exprimem textualmente ao longo dos 9 temas do álbum, potenciados na solidez instrumental e vivencial a que a banda nos habituou ao longo de 4 décadas.
Estamos iniludivelmente perante genuína música de intervenção, harmonizada por textos que aliam um sofisticado humor negro, uma lapidada vertente satírica e um sentido crítico notável, intensificados pela vibrante carga elétrica instrumental e pela escrupulosa energia rock de uma banda que nunca deixa as coisas por miúdos e se atira sempre forte e feio àquilo que produz.
Adolfo Luxúria Cabral e os seus pares voltam a seduzir pela entrega e pelo impacto da sua música, rasgando os horizontes do seu rock como quem eterniza a liberdade em cada instante sonoro, numa eletrizante pulsão que não deixa ninguém indiferente.
Quando muitos se acobardam perante o inimigo fascizante que nos espreita em cada esquina, os Mão Morta reafirmam a coragem de sempre, enfrentando medos, mitos e fantasmas com a exultante verticalidade deste seu rock livre e interventivo, sendo-me permitido destacar temas como “Corre Corre Corre”, “É Proibido” e “Ratoeira Bélica”, que são escaldantes tareias rock em todos os reacionarismos circundantes e a própria “Viva la Muerte!”, genuína obra-prima de toda a música de intervenção portuguesa de todos os tempos e todos os estilos.
Os Mão Morta conceberam este seu magnífico e deslumbrante disco como parte integrante do seu espetáculo homónimo, presentemente em muito bem-sucedida digressão nacional, que Leiria receberá já em 20 de setembro no mesmíssimo palco de um Teatro José Lúcio da Silva que 5 anos depois de os ver e ouvir lançar o público leiriense às cordas com o seu No Fim Era o Frio voltará agora a beneficiar dessa sempre lúdica e bem-vinda oportunidade. É de ir e não perder pitada!