Opinião
Marcelo versus Cavaco
Todo o seu percurso como PR foi, aliás, uma evidência clara de erros e omissões, por incapacidade política e, sobretudo, por fraqueza de personalidade inadequadas à função.
Cavaco Silva foi-se. Tarde demais. A sua longa passagem pelo poder, a vários níveis, prometia ser auspiciosa a princípio. Mas cedo se manifestou um pesadelo devido às graves consequências que trouxe à economia e à sociedade portuguesas. Como ministro das Finanças de Sá Carneiro quase não se deu por ele. Poucos anos depois, circunstâncias obscuras põem-no em primeiro ministro. Entra com garras de leão, sai com modos de sendeiro.
De positivo, ao contrário do que muita gente ainda julga, pouca coisa de estrutural ficou. Entrou atascado em dinheiro da então CEE, mas esbanjou-o irresponsavelmente de forma a privilegiar clientelas, amigos e correligionários, quando podia ter lançado as bases para um país a crescer de forma sustentada, como outros países fizeram. Não o fez, deixando uma economia desmantelada, estradas às moscas e um “monstro” (excesso de despesa pública) que logo depois haveria de criticar, esquecendo-se de ser ele o obreiro. As consequências eram inevitáveis: um segundo governo que em breve entrava em descalabro e havia de acabar sem honra nem glória. Lembram-se do “tabú”?
O eleitorado, alguns anos depois, também já não se lembrava. E leva-o à Presidência durante 10 longos anos, verdadeiro erro de “casting” da nossa democracia ao guindar àquela função quem não tinha condições para isso. A sua colagem ao governo da estúpida austeridade vai ficar nos anais dos grandes erros políticos. Todo o seu percurso como PR foi, aliás, uma evidência clara de erros e omissões, por incapacidade política e, sobretudo, por fraqueza de personalidade inadequadas à função.
Aspectos que, confesso, não me surpreenderam, porquanto já os adivinhava na coabitação do Quelhas (Económicas) nos anos 60. Entre 17 PR’s que tivemos, Cavaco foi, indiscutivelmente, o pior de todos. E ponto final.
*Economista
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