Opinião
Menos rabos no sofá em 2022
Menos umbigo e barriga cheia e mais mundo, muito mais mundo
Passamos a vida a dizer mal de tudo e de todos. Deste, daquele, do outro e do nosso.
Criticamos, mostramos insatisfação e afirmamos a nossa revolta sempre que vemos o mal a acontecer perto de nós ou até mesmo nos locais mais longínquos, através dos ecrãs de última geração.
Toda esta parafernália de ações bem firmes e convictas são, na grande maioria das vezes, realizadas nas nossas redes sociais enquanto estamos sentados no conforto do nosso sofá lá de casa.
Infelizmente (embora ainda alguns de nós pensem que sim) os nossos dois polegares, a escrever no teclado de um telemóvel topo de gama, ainda não são determinantes na verdadeira mudança do mundo para melhor.
Precisamos de mais, de muito mais. De mais ação, de mais presença no terreno, de mais contacto físico entre todos, de mais respeito pela diferença e pelas dificuldades dos outros.
Precisamos de sair da nossa zona de conforto e pisar terrenos mais desconfortáveis e estranhos.
Comecemos por ajudar um amigo, depois um vizinho e mais tarde um desconhecido que encontremos na rua e que nos pareça mais fragilizado e solitário.
Podemos também contactar uma associação com vertente social, um lar ou uma escola e perguntar o que é que poderemos fazer para ajudar a melhorar a qualidade de vida dos seus utentes.
Menos passividade e mais proatividade precisa-se. Muito menos o conforto do sofá e muito mais o caminho do bem percorrido.
Façamos a diferença para melhor e envolvamos nestas fortes dinâmicas a nossa família: filhos, avós, netos, primos e tios.
Tornemos as nossas práticas mais amplas e inspiradoras para que aqueles que nos rodeiam repliquem estas ações por outros locais e com impacto em mais pessoas.
Mostremos o melhor que a humanidade pode ter: benevolência, bondade e compaixão pelos outros.
Principalmente pelos mais pobres e pelos imigrantes que chegam ao “nosso” país desprovidos da sua dignidade e que precisam de alguém que os acolha e os faça sentir em casa.
Neste novo ano devemos desejar menos vistos Gold e mais vistos de Amizade e Compreensão.
Devemos lutar também por medidas políticas que respeitem a dignidade humana e para isso o nosso voto irá revelar-se fundamental nas próximas eleições legislativas.
Em 2022 deveremos fazer um esforço para andarmos menos distraídos com o nosso pequeno mundo e obrigar-nos a estar mais atentos àquilo que vai para lá do nosso curto campo de visão.
Menos umbigo e barriga cheia e mais mundo, muito mais mundo.
Orgulhosamente juntos com mais ação, mais braços e pernas e menos rabos no sofá em 2022.
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990