Opinião

Música | Escolhas de Outono

20 set 2024 08:37

Beth Gibbons e Nick Cave têm novos discos, que vou ouvindo no streaming com bastante agrado, diria mesmo que Wild God, de Cave, vai ainda mais além dos anteriores

Eu por mim desligava já o botão do calor e entrava a toda a velocidade no outono com uma chuvinha moderada, uma boa sopa do lavrador, um livro no regaço, uma ida ao cinema, uma visita à MUJI, um concerto numa boa sala, de preferência sem gente a filmar-se de costas para o palco.

Quanto ao clima, pouco se pode fazer (ou talvez possa), que isto anda tudo virado do avesso, mas em relação às outras coisas boas da vida, dá para avançar. É a chamada rentrée e eis algumas das minhas escolhas:

1 – Beth Gibbons e Nick Cave têm novos discos, que vou ouvindo no streaming com bastante agrado, diria mesmo que Wild God, de Cave, vai ainda mais além dos anteriores Ghosteen (2019) e Skeleton Tree (2026). Lives Outgrown, da Senhora Portishead,, anda ali entre a luz e a sombra, entre o oriente e o ocidente – quanto mais se ouve, mais bonito se torna. Mas a compra do mês, numa FNAC surpreendentemente renovada no Colombo, foi Delaware, a reedição em vinil da estreia dos muy amados Drop Nineteens em 1993.

2 – É já este fim de semana que reabre ao público o Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Dois dias de festa com entrada gratuita, num edifício redesenhado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma. Entre palestras, exposições, live arts e outras boas iniciativas, destaca-se os lives de Nala Sinephro, Tim Reaper e Nídia com a curadoria do coletivo Filho Único. E Lisboa aqui tão perto.

3 – Nas leituras trago ainda das férias a cativante ficção policial do escritor norueguês Jo Nesbø com o seu best seller Lua de Sangue, mas que interrompi agora para ler Solidão de Israel, um ensaio do filósofo Bernard-Henri Lévy, que pode ajudar a perceber melhor o que se passa por estes dias em Israel e na Palestina. Ou não. A juntar a estes dois livros sobre diferentes tipos de crime, há que acrescentar ainda a autobiografia fragmentada de Pedro Almodóvar, O Último Sonho, que vou lendo aos solavancos.

4 – No Cinema, tenho o Grand Tour do realizador português Miguel Gomes na agenda como prioritário e aguardo ansiosamente a estreia do novo Joker, isto enquanto não chega o premiado The Room Next Door de Pedro Almodóvar, um filme com Tilda Swinton e Julianne Moore que arrancou 18 minutos de palmas em Veneza. Pelo meio há ainda mais uma edição do Doclisboa e muitos documentários para descobrir ao calhas, como manda a tradição.