Opinião
Música | Explorar, explorar, explorar
A Fade in, já se sabe, vai onde os outros não vão
É já no próximo dia 28 de maio que arranca uma nova edição do ciclo de música exploratória portuguesa que traz a Leiria 10 concertos com alguns dos músicos e projetos mais relevantes deste universo musical.
Depois de uma primeira edição em 2021, que apresentou um cartaz com nomes como Telectu, Sei Miguel Trio ou Osso Exótico, o novo ciclo, promovido pela associação Fade In, começa com Carlos Zíngaro na Igreja da Pena do Castelo de Leiria. Ece Canli, Gabriel Ferrandini, Luís Pestana, Adolfo Luxúria Canibal & Marta Abreu, Maria da Rocha, Bezbog, David Maranha Ensemble, Knok Knok e Bernardo Devlin, são os outros nomes que integram este cartaz de luxo, que se irá dividir, até novembro, pela Igreja da Pena, Igreja de São Pedro, Museu de Leiria e Igreja da Misericórdia.
Não são muitos os promotores, públicos ou privados, a apostar neste género de iniciativas. A Fade in, já se sabe, vai onde os outros não vão. Quando vemos o Município de Leiria a apoiar, ainda mais felizes ficamos – afinal não é só o mainstream a ditar as regras, também há espaço para a “outra música”. E como é bom ver a nossa cidade culturalmente ativa, com eventos para todos os tipos de público.
Nem sempre é fácil definir música exploratória, aqui cabem muitos géneros musicais e, da música improvisada ao free jazz, passando pelo spoken word, eu diria que cabe tudo o que não é convencional.
Os músicos, muitos deles ligados a outras artes, tentam ir mais além, mesmo que por vezes esse transpor de barreiras possa gerar incómodo ou, para muitos, ruído. Nem sempre é fácil ouvir um registo discográfico na íntegra, ora pela repetição, ora pela desconstrução, no entanto, há sempre algo nesta música que fascina.
Não se pense que improvisar é fácil. Ornette Coleman, o homem do free jazz, não gostava muito da expressão free jazz, dizia que dava a entender que a coisa era fácil e não, dava muito trabalho.
Na minha opinião, a música exploratória é, sobretudo, para ser ouvida e sentida ao vivo. É no palco, no espaço circundante, e em Leiria, os espaços não poderiam ser melhor escolhidos, que a música ganha vida. É como ver um escultor em tempo real a esculpir a sua obra. E a Arte passa muito por aqui: utilizarmos os nossos sentidos e explorar, explorar, explorar.
Regressando ao cartaz, recomendo uma visita ao site https://fadeinaacultural.com/, onde estão todas as informações sobre os concertos e onde poderão ser adquiridos os ingressos – atenção, que as lotações são reduzidas, por isso, o melhor é assegurar desde logo um lugar.