Opinião
Música | O festival Anitta
Um grande “viva!” a todas as Anittas deste mundo, que são aquilo que quiserem ser!
* Texto publicado originalmente na edição em papel do Jornal de Leiria de 30 de Junho de 2022
Eu, se fosse da organização do Rock in Rio, trocava já a Ivete Sangalo pela Anitta e daqui para a frente teríamos sempre a cantora de “Que rabão” nas próximas edições do festival. Nada contra a Ivete Sangalo, mas há que levantar poeira com a nova geração e se for ao ritmo de baile funk, tanto melhor.
Abriu a época dos grandes festivais e, no sofá, consegui ver uma boa dúzia de concertos neste Rock in Rio, que começaram com os Xutos & Pontapés num espetáculo muito morno, quase frio. Tim e companhia não estavam numa posição fácil com o público ainda a chegar ao recinto; só lá para o fim é que as coisas aqueceram um pouco com os temas mais populares.
Seguiu-se o Liam Gallager com muitos fãs de Oasis na assistência e com o mau feitio do costume. Não deu um mau concerto, revisitou alguns temas dos Oasis, e disse umas coisas que ninguém deve ter percebido. Assim, no conforto de um sábado à tarde em casa, até que soube bem.
The National foi a surpresa do dia: como se comportaria uma banda com tanta melancolia num festival desta dimensão? Ora, portaram-se muito bem e, outra surpresa, tiveram muito público do lado deles. O que revela bem os dias de hoje, onde as sonoridades outrora de nichos, chegam agora facilmente ao mainstream.
O primeiro dia do festival fechou com os Muse, banda pela qual nunca morri de amores, mas que me pareceu ter agradado à imensa multidão que acompanhou muito bem todos os êxitos.
No segundo dia a tarefa foi mais difícil, dado que o cartaz parecia a playlist ali do ginásio da esquina, e eu e ginásios não combinam. O David Carreira fez-se acompanhar em palco por uma série de bailarinos e convidados, mas eu percebi pouco do que se passava em palco. Fui espreitando, apenas, tal como sucedeu com os artistas seguintes: Ivete Sangalo, Ellie Goulding e Black Eyed Peas.
No último fim de semana o destaque vai todo para a Anitta, que arrasou com um espetáculo de uma verdadeira pop star, mas no dia anterior ainda houve um regresso aos anos 80 com UB 40, A-Ha e Duran Duran (Bush não vi), o que me pareceu demasiado forçado – um hit ou outro numa festa qualquer, ainda vá que não vá, mas aquele desfile de canções ultra datadas com os intérpretes todos afanados, só mesmo para revivalistas radicais, e eram muitos na Bela Vista.
O melhor do festival estava reservado para o fim com o Jason Derulo e, principalmente, com a Anitta que deu um verdadeiro show – quem diria que iria causar tanta conversa um fenómeno que já tem meia dúzia de anos?
Um grande “viva!” a todas as Anittas deste mundo, que são aquilo que quiserem ser!
Foi uma boa maratona televisiva, só possível com o alto patrocínio do Sars Cov – 2, que tardou, mas não falhou.