Opinião
O lugar da cultura é na garagem
Hoje em dia, o autocarro é directo, tem net e quando dás por ela já estás a ver o Castelo. Tudo simples e moderno. Tudo aquilo que a Central de Camionagem não é.
Há dias fui de propósito a Leiria só para comer uma fartura na Feira de Maio. É mentira! Mas um gajo manda uma atoarda destas e capta logo a atenção.
Fui a Leiria e aviei a fartura, mas foi mesmo por acaso e porque tinha de fazer tempo para apanhar o autocarro. O autocarro tem sido a minha opção de transporte para “ir à terra” (haverá poucas expressões mais hediondas que esta, mas as alternativas escasseiam).
O comboio continua a ser, inexplicavelmente, algo que não faz parte do dicionário leiriense - viagens de quatro horas, ou lá o que é, para uma distância tão curta é só e apenas motivo de vergonha - pelo que, para quem não tem carro, a decisão é simples.
Hoje em dia, o autocarro é directo, tem net e quando dás por ela já estás a ver o Castelo. Tudo simples e moderno. Tudo aquilo que a Central de Camionagem não é.
Bem sei que nós, filhos do Liz, devoradores de morcelas de arroz e amantes incondicionais de tudo o que nos ajude a não andar a pé, queremos é estacionar sempre à porta (e, espantosamente, conseguimos 99,9 por cento das vezes).
Mas estamos em 2016 e continuar a parar autocarros numa garagem com ar de gare de aeródromo de 1957, em pleno centro da cidade, parece-me uma solução no mínimo discutível. Será assim tão complicado (ou caro) montar uma Central ali para os lados do Estádio?
Fará alguma diferença para quem se desloca de Expresso, ou utiliza as carreiras locais? Duvido.
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