Opinião

O melhor candidato

22 jan 2016 00:00

Tino de rãs será, a meu ver, o mais votado dos três, não por qualquer mérito em especial mas antes porque beneficiará de alguns votos de protesto, tal como aconteceu com o célebre candidato Tiririca no Brasil

Para a esmagadora maioria das pessoas de esquerda, António Guterres seria o melhor candidato. Há quem afirme, inclusive, que se o ex-primeiro-ministro tivesse avançado, o comentador político Marcelo Rebelo de Sousa teria ficado na TVI a fazer comentário, algo que, diga-se, sabe fazer como ninguém.

Tenho dito entre amigos que estou convicto que Marcelo ganhará as eleições presidenciais à primeira volta e se tal não acontecer, na segunda volta essa probabilidade mantém-se. Adiante explicarei porquê.

Dito isto, tenho para mim que o candidato mais votado da esquerda será Sampaio da Nóvoa. A esquerda tem em Nóvoa o candidato mais forte da primeira volta, alem de que tem feito melhor campanha que Maria de Belém.

Se o confronto numa eventual segunda volta fosse entre Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém, ganharia, indiscutivelmente, Sampaio da Nóvoa. Acontece porém que, além da realidade não ser essa, não haverá, evidentemente, segunda sem primeira e Marcelo estará, obviamente, em todas. Apesar de preferir Nóvoa para presidente acho que Maria de Belém teria mais hipóteses contra Marcelo, na tal segunda volta que, quanto a mim, não vai acontecer. E explico porquê.

Se passasse Maria de Belém, ainda que a contragosto, toda a esquerda votaria nela na segunda volta. Mesmo aqueles que acham que Maria de Belém representa a direita do PS sabem que Marcelo é, na verdade, bem mais à direita.

No entanto se fosse Nóvoa a passar à segunda volta, Marcelo iria buscar muitos votos de Maria de Belém, especialmente do eleitorado católico, mais conservador e ainda uma pequena parte do eleitorado da franja “Segurista” do PS.

Não há grandes dúvidas que o quarto lugar ficará para a simpática Marisa Matias do Bloco de esquerda que terá mais votos que o sui generis Edgar Silva do PCP, tendência que acompanhará, de resto, os resultados das últimas legislativas. Quanto a Paulo Morais e Henrique Neto, dizem as sondagens, terão uma votação muito idêntica em torno dos dois pontos percentuais. Não deixa de ser curioso que um eleitorado maioritariamente contra o sistema e contra a corrupção vá dar tão poucos votos a estes dois candidatos.

Será, porventura, um caso de estudo que, aparentemente, reflete a verdadeira posição do eleitorado sobre estas questões na medida em que, nas legislativas, Marinho Pinho tinha uma mensagem idêntica e teve o mesmo resultado. Por fim os candidatos que o próprio Cândido Ferreira chama, justamente, de “terceira categoria” devido à discriminação televisiva nos debates, Tino de rãs será, a meu ver, o mais votado dos três, não por qualquer mérito em especial mas antes porque beneficiará de alguns votos de protesto, tal como aconteceu com o célebre candidato Tiririca no Brasil.

No próximo dia 24 saberemos. Antes de mais e apesar de serem as mais pobres eleições da nossa história democrática, é importante ir votar!

*Candidato a deputado nas últimas legislativas