Editorial

Pela nossa saúde

14 out 2021 12:00

O diagnóstico está feito há muito tempo, porém, continuamos sem saber quem terá a coragem de passar o receituário

tema é sensível, mas tem obrigatoriamente de ser debatido.

Como se viu no último ano e meio, a saúde não é imune ao facilitismo.

Apesar de haver 
ainda quem duvide de muita coisa nesta fase pandémica, a realidade é que os recursos sanitários, de segurança e de protecção civil, foram esticados até ao limite, de Norte a Sul do País.

Agradeceu-se muito, mas nas fases mais críticas, ter-se-á a
gido um pouco menos.

Estamos a experimentar o regresso àquilo a que se chama agora o “novo normal”. Mais uma vez, o papel de cada um de nós revela-se primordial. Mas não será suficiente.

É fundamental termos um Serviço Nacional de Saúde de qualidade, com capacidade de resposta até para as pequenas maleitas do mais acanhado hipocondríaco.

Há dois dias, e depois de muita polémica em torno dos tempos de espera e da falta de médicos, a administração do Centro Hospitalar de Leiria decidiu limitar o acesso ao Serviço de Urgência Geral do Hospital de Santo André, alertando os utentes para possibilidade de poderem ser transferidos para Coimbra.

A decisão foi seguramente antecedida de muita ponderação e pode ser justificada em poucas palavras: as urgências da Área Dedicada para Doentes Respiratórios do Hospital das Caldas da Rainha tinham encerrado e começado a reencaminhar doentes para Leiria; o número de utentes atendidos num só dia tinha atingido o valor máximo desde o início do ano; os médicos disponíveis continuavam a escassear.

A administração queixava-se ainda da elevada quantidade de doentes não urgentes, recomendando o recurso ao médico de família, médico assistente ou à Consulta Aberta.

E recordava em especial a existência do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) no Centro de Saúde da Marinha Grande, aberto 24 horas por dia, ou do Centro de Saúde de Ourém, com serviço de atendimento complementar aos sábados, domingos e feriados.

Ora, se nos recordarmos da notícia publicada no JORNAL DE LEIRIA da semana passada sobre a falta de médicos no SAP da Marinha Grande, da informação divulgada recentemente pela Administração Regional de Saúde do Centro admitindo que entre os 293 mil inscritos, mais de 45 mil não têm médico de família, e das sucessivas denúncias da falta de profissionais no Centro Hospitalar de Leiria, facilmente se percebe que o sistema de saúde na nossa região já não se cura com anti-inflamatórios, mas com antibióticos de largo espectro.

O diagnóstico está feito há muito tempo, porém, continuamos sem saber quem terá a coragem de passar o receituário.