Opinião
Política monetária em ação
As operações de mercado aberto visam o controlo das taxas de juro e a gestão da liquidez do mercado
Desde julho deste ano, as taxas diretoras dos juros aumentaram 200 pontos base num esforço para controlar a inflação na senda do aperto da política monetária do Banco Central Europeu (BCE). No dia 14 de dezembro, a Reserva Federal Americana (FED) previa rever novamente as taxas de juro mas a tendência de subida deverá abrandar.
A missão da Reserva Federal Americana, definida no Federal Reserve Act é a promoção do pleno emprego, da estabilidade de preços e taxas de juro de longo prazo moderadas, o objetivo consiste em conseguir o maior nível de emprego que seja compatível com a estabilidade de preços.
Por outro lado, o objetivo principal e primordial do BCE é a manutenção da estabilidade de preços sendo que o Eurosistema deverá também contribuir para um elevado nível de emprego e um crescimento sustentável e não inflacionista.
Nestes termos, a estratégia política do Banco Central Europeu assenta em dois pilares: o monetary targeting e o inflation targeting. O pilar monetary targeting estabelece um valor de referência para o crescimento da oferta de moeda num sentido lato (o agregado monetário não deverá crescer mais do que 4,5% ao ano para garantir a estabilidade de preços).
O pilar inflation targeting está diretamente relacionado com o comportamento da taxa de inflação, isto é, o aumento homólogo do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) deverá ser inferior a 2% no médio prazo.
Nesta medida, o Eurosistema dispõe de três instrumentos de política monetária i) operações de mercado aberto; ii) facilidades permanentes de cedência; iii) absorção de liquidez e constituição de reservas mínimas obrigatórias.
As operações de mercado aberto são o instrumento mais utilizado pelo Banco liderado por Lagarde e visam o controlo das taxas de juro e a gestão da liquidez do mercado mediante operações de cedência e absorção de liquidez e orientação da política monetária.
A próxima reunião do BCE está marcada para o dia 15 de dezembro e está em cima da mesa um novo aumento das taxas de juro de referência de 50 ou 75 pontos base. No entanto, o Banco Central Europeu não quer causar efeitos colaterais excessivos para a economia e estabilidade financeira e por isso quer evitar o cenário de recessão ou, caso se verifique que seja relativamente brando e de curta duração.
“A inflação irá continuar a subir no início do próximo ano e só começará a descer no final da primavera ou no verão uma vez que o efeito da subida acumulada dos juros não é imediato. Ainda temos muito que aprender sobre a melhor forma de fazer política monetária” Ben Bernanke