Editorial
Problema das suiniculturas? Não se resolve porque não há vontade
Em Portugal, há situações que não se resolvem por mais que se trace planos, faça discursos, dê palmadinhas nas costas e corte fitas
Na região, temos vários casos desses: a vergonha que é o IC2, o pingue-pongue do aeroporto de Monte Real, a Linha do Oeste, as urbanizações “novas” de Leiria, que escoam esgotos para o Lis e cujo tratamento é pago a peso de ouro, mas não é feito.
Esta semana tivemos direito, entre nós, a mais um exemplo dessas situações.
Falou-se e apresentou-se em Leiria uma Estratégia Nacional para os Efluentes Agro-pecuários e Agro- industriais, mas sem se apresentar o que quer que seja em termos de soluções concretas para o problema da poluição da Bacia Hidrográfica do Rio Lis.
Na verdade, parece que, em Lisboa e em alguns locais de Leiria, se acredita que o público é constituído por acéfalos, incapazes de somar 2+2. A suinicultura é um negócio que conta com criadores responsáveis (muito poucos) e, se seguisse as regras, poderia ser uma mais-valia para a região. Mas não o é.
O custo ambiental é de tal maneira grande que os próprios suinicultores chegaram à conclusão que o total do dinheiro ganho a vender carne de porco seria insuficiente para construir e gerir uma Estação de Tratamento de Efluentes Suinícolas.
Apenas assim se explica que a Associação de Suinicultores de Leiria não tenha construído a tal solução milagrosa de tratamento, perdendo apoios públicos ao deixar passar prazos. Não foi incompetência, foi deliberado.
A solução? Pedir ao contribuinte que pague para resolver o problema de um sector que não é sustentável.
David Neves, presidente da Associação de Suinicultores de Leiria, que não soube ou não quis resolver o problema da poluição “constatou que, na estratégia apresentada ‘não há nenhuma orientação’ sobre a ETES, que há dois anos foi assumida pelos Ministérios do Ambiente e da Agricultura.
Já o secretário de Estado da Agricultura, Nuno Russo, discurso e respondeu às perguntas dos jornalistas, mas nada disse sobre o assunto, e as forças políticas que, durante décadas não resolveram e até permitiram o agudizar da situação quando estavam no poder, gritaram e espernearam, reivindicando o que também não souberam ou quiseram fazer.
A solução obviamente não é fácil. Mas, há já muito tempo que está na hora de a sociedade civil começar a penalizar quem nos rouba o direito a um ambiente limpo e a penalizar quem compactua com estas situações.