Opinião

“Se levantares a cabeça e olhares para a noite estrelada, o mundo torna-se grande, muito grande”

1 ago 2019 00:00

Comecei muito cedo a ler em voz alta para a minha filha e, confesso, sob esse pretexto adquiri o secreto hábito de lhe comprar livros sendo eu quem realmente queria lê-los.

«When I write children’s fiction, I write for two people, myself, age 12, and myself, now, and the book has to satisfy two distinct but connec ted appetites. My 12-year-old self wanted autonomy, peril, justice, food and above all a kind of density of atmosphere into which I could step and be engulfed. My adult self wants all those things, and also: acknowledgments of fear, love, failure. So what I try for when I write is to put down in as few words as I can the things that I most urgently and desperately want children to know and adults to remember.» Katherine Rundell, autora inglesa de livros infantis, The Guardian, 26/7/2019

W. H. Auden, um dos mais notáveis poetas americanos, escrevia num texto dedicado a Lewis C arroll: “Há bons livros destinados apenas a adultos porque a sua compreensão pressupõe vivências adultas, mas não há bons livros que sejam apenas para crianças”.

Uma das experiências inesperadas que vivi com a maternidade foi o regresso à literatura infantil.

A universidade e a vida profissional mantiveram-me durante muitos anos afastada desse universo ainda que, nas regulares viagens às livrarias, os olhos parassem sempre nas edições dos livros que me povoaram as primeiras leituras e cujos contornos, viria a perceber já mais tarde, não eram exclusivamente infantis.

Comecei muito cedo a ler em voz alta para a minha filha e, confesso, sob esse pretexto adquiri o secreto hábito de lhe comprar livros sendo eu quem realmente queria lê-los.

Foi assim que começou, devagarinho, o meu regresso a essas páginas onde já todas as grandes questões que atravessam os dias, jovens ou adultos, são relatadas ainda sem as cautelas e os entraves colocados à imaginação à medida que os anos se acumulam – o bem, o mal, a justiça, a coragem, a solidão, o medo, a amizade, o amor, a alegria, as perdas e a esperança.

Foi numa dessas visitas mais ou menos mal assumidas às estantes infantis que descobri a obra do escritor chinês Jimmy Liao (a sua obra é publicada em Portugal pela editora Kalandraka).

A vida de Liao

Este conteúdo é exclusivo para assinantes

Sabia que pode ser assinante do JORNAL DE LEIRIA por 5 cêntimos por dia?

Não perca a oportunidade de ter nas suas mãos e sem restrições o retrato diário do que se passa em Leiria. Junte-se a nós e dê o seu apoio ao jornalismo de referência do Jornal de Leiria. Torne-se nosso assinante.

Já é assinante? Inicie aqui
ASSINE JÁ