Opinião
Seca
Morrem as ervas rasteiras, sem nome nem história, ficam as árvores cravadas ora a nomes de juras eternas ora a conta gotas tubulares
Sobre a seca nunca se perdeu uma gota de tinta a escrever odes às suas virtudes, porém é no jejuar terreno, onde a comida já lá está, que a essência se mantém.
Morrem as ervas rasteiras, sem nome nem história, ficam as árvores cravadas ora a nomes de juras eternas ora a conta gotas tubulares. Sejam de fruto sejam de corte, bebem do mesmo, diriam os pouco entendidos.
Sendo de fruta para consumo próprio ou venda imprópria muda-lhe o consumo de água, vendido a talhões produtivos por períodos curtos. Há nesses regaços rega sem contador, que seca sem dor, quando o clima aperta. Esses ninguém os lembra na hora de fechar a torneira.
O ribeiro é o que sofre mais com secas. Dependente de um caudal sôfrego e dado a oscilações temperamentais pluviosas aceita que em determinados sítios seja denominado de ribeira seca. É apenas quando rompem as águas que nasce ali um curso de água. São cavares em ribeiras secas, são hortas que vão e vêm e se dão e tiram.
Quando instalada a seca instala-se, isto é, o estado passageiro torna-se condição para deixar de permitir que o solo absorva, uma gota que seja. Evapora-se no ar, sem que a sua permeabilidade seja testada e posta à prova no mais simples toque, a gota na greta que agora transformou a terra outrora lamacenta e encharcada.
Não há forma de empurrar a água para dentro da terra dizem os mais antigos. Ou ela quer, e se propõe a tal, ou peca por ficar na atmosfera à espera de autorização para aterrar. Que a seca quando vem, costuma durar.