Opinião
Somos o que comemos
"Que o teu alimento seja o teu remédio, e que o teu remédio seja o teu alimento”
Esta afirmação, atribuída a Hipócrates, fará actualmente mais sentido do que nunca. Afinal, como também dizia aquele que é considerado o pai da Medicina, “somos o que comemos”.
Amanhã comemora-se mais um Dia Mundial da Alimentação. Assinalar esta data continua a fazer todo o sentido, tendo em conta duas realidades contraditórias: por um lado, o aumento da obesidade e das doenças a ela associadas; por outro, o aumento da fome, não apenas nos países sub-desenvolvidos, mas também em Portugal.
Realidade agora agravada com as dificuldades criadas pela pandemia de Covid-19. Os idosos são um grupo de risco e muitas vezes sofrem de malnutrição, sobretudo se estão doentes. Mas não só.
Como alerta Aníbal Marinho, presidente da Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica e médico intensivista, “a dimensão de doentes malnutridos que se encontram em ambulatório sem qualquer tipo de acesso à nutrição clínica aumentou de forma drástica durante esta pandemia, havendo doentes que não têm sequer acompanhamento”.
Numa altura em que os hábitos alimentares inadequados são o factor de risco com mais peso nos anos de vida saudável que se perdem, nunca é de mais insistir na necessidade de uma alimentação saudável. Mas o que é isso afinal?
Os nutricionistas ouvidos no trabalho especial que desenvolvemos nesta edição falam em equilíbrio e em sustentabilidade e no consumo dos alimentos presentes na roda, nas quantidades adequadas.
No fundo, como diz uma das profissionais ouvidas, “alimentação saudável é comer de tudo na quantidade certa e no tempo certo. Deve ser adequada, equilibrada, variada e completa”. Mas sem exageros. `
É que a obsessão pela alimentação saudável, a chamada ortorexia, também é um problema.
Por isso, a dieta mediterrânica, património cultural imaterial da humanidade, é reconhecida como um dos padrões alimentares mais saudáveis e sustentáveis do mundo, e deve ser utilizada como uma ferramenta promotora de um estilo de vida saudável e de hábitos alimentares equilibrados.
O padrão alimentar desta dieta, característico dos países da bacia do Mediterrâneo, está associado a uma maior longevidade, melhor qualidade de vida e à diminuição do risco de desenvolvimento de doenças crónicas não transmissíveis.
Para que o alimento seja o nosso medicamento.