Opinião
Turismo de identidade!
Mas que é isso de “identidade”? Essa é a questão de fundo que deveria ser discutida
Subjacente a um conjunto de fatores, o uso do termo “identidade” passou, no conceito cultural e turístico, a ser usado como lema de algo que se quer identificar e oferecer aos outros.
E essa identidade, que tanto buscamos, apelamos, impomos e homogeneizamos diversos aspetos do quotidiano, leva-nos por um caminho de identidades coletivas face a uma estandardização individual.
Isto é, passamos a usar tendências com base em ideias de unicidade local.
Depois, transpomos tudo isso para a promoção turística, usando este conceito como sendo vendável e produto de promoção de uma determinada região.
Juntando a tudo isto, existem imensas associações, onde se inclui o CEPAE, algumas delas geridas por municípios, que buscam, constantemente, essa tal “identidade” e esquecem a raiz da mesma.
Vão sendo criadas novos conceções de paridade e a verdadeira identidade vai sendo diluída no esquecimento do tempo.
Mas que é isso de “identidade”?
Essa é a questão de fundo que deveria ser discutida, ao invés de inventarmos eventos de aglomerados como sendo a identidade local.
Eventos esses que são necessários, tendo em conta a imagem social do século XXI, mas que não podem apoderar-se de uma região como sendo o expoente da sua cultura identitária.
Existe mercado patrimonial? Existe. A esse mercado, chamamos de turismo.
Todavia, essa valorização comercial do património não pode usurpar a identidade de uma região.
A identidade não se inventa, muito menos com a adulteração do património.
Se queremos “vender” turismo de identidade, se é que isso existe, temos de firmar essa “identidade” que tanto apelamos e não com ideias ocas que, muitas vezes, se transportam para a opinião pública.
A identidade está bem patente no nosso património, seja ele tangível ou intangível.
A identidade somos todos nós. Não temos que alterar a nossa identidade a pensar no turismo.
Os turistas querem conhecer a verdadeira identidade e não aquela que é manipulada.
Por vezes, as coisas são tão simples. Para quê complicar?
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990