Opinião

Uma boa ideia: sugerir em vez de reclamar

16 set 2023 10:21

Procuro notícias de como poderei ajudar os marroquinos e nos canais televisivos e no Facebook o que vejo eu? Queixas, queixinhas e reclamações

Não sei se tenho razão, mas penso que os americanos das zonas mais rurais dos Estados Unidos da América têm a mania de chamar mãe à Natureza. Habituados que estão a vê-la, com tufões, incêndios e inundações, a tirar-lhes tudo o que construíram ao longo das suas vidas, têm medo dela e por isso dizem respeitá-la muito.

Porém, tal como nas relações humanas o respeito quando é gerado pelo medo se desfaz num instante, também esses americanos, rapidamente, passaram a desrespeitar essa mãe que inventaram quando se puseram a votar nos republicanos “trumpistas!

Votaram naqueles que, afinal, para fazer a América grande outra vez, não se importam de que ela continue a ser um dos países que mais polui a Natureza! E nem de propósito, estava eu com estes pensamentos quando me chega a notícia de um terrível sismo em Marrocos.

Como pode o que no planeta Terra é natural ser algum dia chamado de mãe? Entretanto, procuro notícias de como poderei ajudar os marroquinos e nos canais televisivos e no Facebook o que vejo eu? Queixas, queixinhas e reclamações sobre tudo, vindas de todos os lados e eu, perante a desgraça que se vive em Marrocos, dei comigo a considerá-las coisas insignificantes, sem valor algum.

Recordei, então, um texto que li no El País e que falava dum projeto chamado Complaint Restraint February.

Foi criado por dois amigos que fartos de ouvirem as constantes queixas e reclamações feitas por ambos sobre o que lhes ia acontecendo no dia a dia, decidiram impor a si próprios um mês sem proferirem uma única reclamação.

Como no final desta experiência se sentiram mais felizes, no ano seguinte, em 2014, convidaram alguns amigos para se juntarem a eles. Assim foi e também estes, no final da experiência, disseram sentir-se mais felizes.

Blancpain, um dos pais do projeto, afirmou mesmo que tal comportamento o ajudou a perceber melhor a forma como as pessoas à sua volta comunicavam e compreendeu como a negatividade de alguns conhecidos o deixava mais infeliz.

Apesar de não reconhecer valor científico a tal experiência ela convenceu-me quando li que descobriram um truque para combater os comunicadores que, em todo o lado, só aparecem para reclamar. Dizem eles que é convidá-los a transformarem as suas reclamações em sugestões positivas!

Confesso que nesta fase voltei ao meu passado e pus-me a recordar o “truque” que a minha mãe utilizava quando eu, uma insatisfeita pré-adolescente, me punha a reclamar de tudo: convocava-me para uma conversa e sugeria-me que eu gastasse a energia que usava nas minhas reclamações em ações que compusessem um pouco aquilo de que eu, no Mundo, não gostava.

Lembro-me que depois de uma dessas conversas passei uma tarde a brincar com as crianças internadas no hospital e acreditem que de lá saí mesmo, mais serena e feliz!