Opinião
Uma vertente ambiental do verdade ou consequência
Se há coisa que me irrita é ver fotografias de pessoal a plantar uma árvore com sapatinhos engraxados
O Dia Mundial da Árvore, comemorado a 21 de Março, aproxima-se a passos largos e os discursos do costume já estão a ser preparados por assessores de imprensa a afins. Apesar de eu gostar desta efeméride, não aprecio os discursos convenientes, inconsequentes e populistas sobre a temática. E se há coisa que me irrita é ver fotografias de pessoal a plantar uma árvore com sapatinhos engraxados.
Gostava de naquele dia jogar à verdade ou consequência, contudo não com aquelas perguntas fáceis e inócuas e não com respostas previsíveis e superficiais. É fácil perguntar de forma a não incomodar e a ser politicamente correcto. É igualmente fácil responder a algo que já sabemos que não vai incomodar ninguém e que, diga-se, é devidamente ajustado para não ferir susceptibilidades.
Gostava sim de jogar à verdade ou consequência com perguntas difíceis e com respostas duras e incómodas. Dou o exemplo de uma pergunta difícil, ou seja o que, de facto, fizemos, enquanto povo, para impedir a repetição das tragédias de 2017, dos incêndios florestais? Milhões de árvores pereceram nos vários incêndios no Norte e Centro do País, casos por exemplo de Pedrógão Grande e do Pinhal de Leiria? A resposta é dura e incómoda, factualmente fizemos ‘nicles’, por mais publicitem que fizemos isto ou aquilo. Basta ir ao terreno para ver que está pronto para mais tragédias.
Outra pergunta difícil. Porque é que o Marcelo das selfies não tem ido a Pedrógão Grande ou ao Pinhal de Leiria fazer mais uns registos e explicar porque é que tudo ficou na mesma? A resposta não é fácil nem conveniente, pois não?
Eventualmente até seria uma ideia genial para pegar em perguntas como estas para criar uma versão física do jogo “Verdade ou Consequência” numa vertente de educação ambiental e cidadania. Aposto que seria um sucesso, pois perguntas inconvenientes e respostas difíceis não faltariam. E todos sabemos bem como é o ‘tuga’, quanto mais polémica, mais sucesso. Fica a dica para algum empreendedor.